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A indústria baiana pede socorro

Eduardo Salles

A indústria baiana pede socorro

12/06/2023 às 16:11

Atualizado em 12/06/2023 às 16:11

O custo do gás natural necessário às empresas petroquímicas é um problema urgente que o governo federal, por meio do Ministério de Minas e Energia e da Petrobras, vai ter que intervir, sob pena de interromper, mais uma vez, o funcionamento de duas importantes fábricas que produzem matéria-prima para setores fundamentais da indústria. São milhares de empregos que estão em risco.

Em 2019 as FAFENs da Bahia e de Sergipe interromperam suas atividades, causando enormes problemas à indústria baiana. Na época realizei uma audiência pública na Assembleia Legislativa para chamar a atenção do problema.

Em 2021, sob concessão a UNIGEL, as FAFENs da Bahia e Sergipe voltaram às atividades, mas corremos o risco novamente da paralisação dos serviços. A unidade sergipana que funciona em Laranjeiras suspendeu, no último dia 1º de junho, o contrato dos trabalhadores por 90 dias.

A UNIGEL alega que paga quase 400% a mais no preço cobrado em Dólar pelo metro cúbico do gás natural, o que inviabilizaria a competitividade. A unidade da Bahia, que funciona no Polo de Camaçari, segue suas atividades, mas a empresa adiou para o ano que vem a partida da fábrica de ácido sulfúrico.

Ficamos preocupados também se o investimento na fábrica de hidrogênio verde, projeto de R$ 1,5 bilhão anunciados em janeiro pela UNIGEL, será mantido. O cenário é muito preocupante.

Esse ano, em audiência com o presidente da PETROBRAS, Jean Paul Prates, na Assembleia Legislativa da Bahia, e depois, no Centro de Convenções de Salvador, no aniversário de 75 anos da FIEB (Federação das Indústrias da Bahia), com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o governador Jerônimo Rodrigues, expus o problema e a necessidade urgente de sensibilizar o governo e federal sobre a importância desse assunto.

A agropecuária nacional, motor da economia, é outro setor afetado diretamente por uma possível parada das duas fábricas. A matéria-prima fornecida pelas FAFENs responde pela produção de 15% a 20% dos fertilizantes nitrogenados consumidos no país. Ou seja, ao invés de incrementarmos nossa produção, vamos reduzi-la a quase zero.

É inadmissível que o Brasil, celeiro de produção de alimentos do mundo, siga dependente da importação de fertilizantes. A crise causada pela guerra entre Ucrânia e Rússia mostrou o quanto pode ser arriscado à agropecuária brasileira essa dependência.

Tanto a iniciativa privada precisa ser incentivada a produzir fertilizantes quanto o governo federal precisa implementar políticas públicas para que a maior parte da produção de fertilizantes seja nacional.

Os três maiores produtores de grãos do mundo, USA, China e Índia, respondem por mais de 50% dos seus adubos nitrogenados.

É necessário ter um olhar mais estratégico para esse setor, não só com o barateamento do preço do gás natural, mas também com a redução dos custos de transporte e distribuição.

Urge que o governo federal se debruce sobre o problema e entenda a gravidade. Até quando olharemos impávidos as empresas, sejam estatais ou privadas, fecharem as portas? Precisamos de um gás com preço competitivo para produzir a matéria-prima fundamental à indústria, em especial os fertilizantes.

Precisamos de uma indústria petroquímica forte, caso queiramos combater a desindustrialização baiana e nacional.

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