A rejeição de Jerônimo a conselhos, a crença na candidatura de Tarcisio no grupo de Neto, a distorção dos dados de produtividade do TJ e a saia justa de Roma com Flávio

Resistência a...

Com a proximidade do ano eleitoral, petistas se preocupam com a dificuldade do governador Jerônimo Rodrigues (PT) em aceitar conselhos. Dizem que entre os três petistas que assumiram o governo do Estado, o senador Jaques Wagner era de longe o mais acessível e aberto a ouvir críticas e recomendações. O ministro Rui Costa (Casa Civil), que o sucedeu, embora um pouco mais relutante, também acabava reconhecendo o valor de um bom aconselhamento.

... conselhos

Este não seria o caso, entretanto, de Jerônimo, segundo boa parte dos petistas. Um deles relata à coluna que, numa ocasião, se aproximou do governador discretamente para passar-lhe um recado com relação a uma situação específica e assistiu a uma reação explosiva do petista, que lhe questionou na tampa se achava que ele não tinha competência para resolver o problema. Eles dizem que o comportamento do governador vai aos poucos afastando dele quem poderia ajudá-lo.

Mesma aposta

No time do ex-prefeito ACM Neto (União Brasil), candidato das oposições ao governo da Bahia cuja estratégia está atrelada à candidatura presidencial do governador de São Paulo, prossegue, sem o menor lampejo de dúvida, a certeza de que Tarcísio de Freitas (Republicanos) será a aposta do centro, da direita e da extrema direita à sucessão presidencial, apesar do anúncio mambembe do senador Flávio Bolsonaro (PL) de que disputará a Presidência.

Bem pago

A esperança baseia-se na alegação de que o preço exigido pelo filho do ex-presidente Jair Bolsonaro para se retirar da disputa já foi pago: a aprovação, ontem, pela Câmara dos Deputados, do projeto da dosimetria que reduz a pena dele pelo crime de golpe de Estado, depois de uma reunião, no dia anterior, com o próprio Flávio da qual participaram os caciques nacionais do União Brasil, Antônio de Rueda, e do PP, Ciro Nogueira.

Candidatos

Dois candidatos às eleições proporcionais do próximo ano tiram o sono das bancadas governistas na Assembleia e na Câmara dos Deputados. São o todo-poderoso chefe de Gabinete de Wagner, Lucas Reis, que postula uma vaga na Câmara dos Deputados, e a secretária estadual de Saúde, Roberta Santana, candidata a estadual, que contam com o apoio explícito da máquina estadual. Para onde os dois vão, deputados petistas seguem em seguida a fim de realinhar suas alianças para o pleito. 

Decepção

Em conversa recente com aliados, Jaques Wagner teria relatado ter ficado decepcionado com o deputado federal Diego Coronel (PSD), filho do senador Angelo Coronel no qual reconhece um grande talento político. Segundo o petista, na tentativa de ajudar o pai a disputar a reeleição na chapa petista, Diego teria passado a fazer campanha pela escolha de Rui Costa para a outra vaga de senador, excluindo Wagner.

Quem falhou

Quem resiste à candidatura à reeleição de Wagner na chapa governista, argumenta que o senador abriu mão de concorrer de novo ao cargo em 2022, durante o imbróglio que  antecedeu a escolha de Jerônimo. Na época, para pacificar a base, Wagner teria dito que, depois de coordenar a campanha do petista ao governo, Rui seria candidato ao Senado em 2026, já que não pretendia mais se candidatar nas eleições seguintes. A promessa de não concorrer, no entanto, não está sendo cumprida. 

Distorção

A denúncia da presidente da Ordem dos Advogados do Brasil na Bahia, Daniela Borges, de que o Tribunal de Justiça baiano inflou dados que distorceram positivamente indicadores sobre sua atuação junto ao Conselho Nacional de Justiça vai ser apurada pelo órgão por ocasião da correição prevista para abril no TJ. Na ocasião, se espera que se apure quem esteve por trás da estratégia que induziu o CNJ a erro.

Palanque bolsonarista

O lançamento da pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (RJ) à Presidência pelo PL deve pressionar o presidente do partido na Bahia, João Roma, a disputar novamente o governo do Estado em 2026. A avaliação de lideranças da sigla em Brasília é de que, se Flávio levar o projeto adiante representando o pai, o ex-presidente Jair Bolsonado (PL) precisará de um palanque na Bahia, algo que, tudo indica, não virá de ACM Neto (União Brasil). 

Candidato próprio

O ex-prefeito de Salvador, que mira o Palácio de Ondina, que não deseja carregar o desgaste do bolsonarismo e prefere uma candidatura presidencial do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) deve caminhar com o presidenciável do próprio partido, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), caso o nome do gestor paulista não vingue. Outra hipótese é Neto abrir o palanque para todos os candidatos que se habilitarem pela direita e centro-direita. 

Pitacos

* O CNJ já tem material para apurar no que resultou a distorção de dados sobre a produtividade do TJ baiano: uma propaganda paga com dinheiro público pela gestão atual divulgando as informações que, segundo a OAB, não são verdadeiras.

* Nem sempre o TJ baiano esteve sob a mira do CNJ. Em 2021, o órgão concedeu ao Tribunal baiano o Selo Ouro de Qualidade por eficiência e planejamento, na gestão do desembargador Lourival Trindade. Quem anda na frente no quesito é o TJ do Amazonas, que conquistou pela terceira vez o Selo Diamante de Qualidade do Conselho.

* Lideranças do PL avaliam que João Roma pode perder o comando do partido na Bahia caso não seja candidato a governador na hipótese, hoje considerada improvável, de Flávio insistir na candidatura à Presidência. De olho no Senado, ele já sinalizou que estaria disposto a concorrer ao cargo apenas se ACM Neto desistisse.

* O PL tem outros nomes para concorrer ao governo da Bahia e assegurar o palanque a Flávio Bolsonaro. Os dois principais hoje são o deputado federal Capitão Alden, que sempre desejou assumir o comando da legenda no Estado, descadeirando João Roma, e a médica Raíssa Soares. 

* Logo após o anúncio da pré-candidatura de Flávio Bolsonaro, João Roma divulgou nota de apoio nas redes sociais. Flávio deseja que o correligionário baiano articule o apoio de ACM Neto, cenário considerado improvável devido à alta rejeição ao bolsonarismo no Estado. 

* Se Roma for candidato ao governo, tende a tirar votos de Neto, como ocorreu no primeiro turno de 2022, o que preocupa setores da oposição.

* O deputado estadual Vitor Azevedo vai deixar o PL e se filiar ao Avante, segundo apurou a coluna com fontes próximas ao partido presidido na Bahia por Ronaldo Carletto. Ele se junta no mesmo movimento aos deputados estaduais Felipe Duarte, que está saindo do PP, e a Laerte do Vando, de saída do Podemos, que são governistas. 

* Durante a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia para aprovar a indicação do próprio ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), realizada nesta terça (10), o deputado Otto Filho (PSD) leu integralmente seu discurso pelo celular, deixando a apresentação lenta e truncada. 

* Houve quem brincasse que o filho de fato não soube aproveitar totalmente os ensinamentos do pai, o senador Otto Alencar (PSD), na política. Tanto que estava se aposentado, embora com todo o luxo e pompa que um cargo de conselheiro confere, de forma tão precoce. 

* Mesmo preso, o deputado estadual Binho Galinha (PRD) segue articulando a liberação de emendas para Feira e região. Ele também tem mantido seus eleitores informados por meio das redes sociais, onde divulga ações e atualizações do mandato.