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Vereador de Itabela é denunciado sob suspeita de agir no CV como espião para uma quadrilha rival
Vereador de Itabela é denunciado sob suspeita de agir no CV como espião para uma quadrilha rival
Denúncia da Promotoria baiana indica que Lucas Lemos teria emprestado dinheiro a traficantes e avisado sobre ações policiais
Por Yuri Eiras/Folhapress
15/12/2025 às 15:15
Atualizado em 15/12/2025 às 18:18
Foto: Reprodução/Instagram
O vereador de Itabela Lucas Lemos (União)
Um vereador do município de Itabela, no sul da Bahia, a 670 km de Salvador, foi denunciado pelo Ministério Público sob suspeita de participação no Bonde do Maluco, uma das facções que dominam o estado.
A investigação indica que Lucas Lemos (União Brasil), 32, pode ter atuado como espião, envolvendo-se com membros do Comando Vermelho para levar informações até os membros do BDM. Ele também é suspeito de vazar movimentações policiais.
Lemos está preso preventivamente. A reportagem não conseguiu encontrar a defesa do vereador. A Câmara de Itabela não respondeu aos contatos por telefone e email.
Itabela, com 28.165 habitantes, segundo o Censo de 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é vizinha a Porto Seguro, um dos principais destinos turísticos do país. Investigadores afirmam que há expansão das facções criminosas na região, especialmente do CV.
Ouvido pela reportagem sob condição de anonimato, um participante da investigação compara o caso ao do ex-deputado do Rio de Janeiro Thiego Raimundo dos Santos Silva , o TH Joias, preso em setembro por acusação de fornecer armas, drogas e equipamentos para o CV, e ao caso de Rodrigo Bacellar (União), presidente afastado da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) suspeito de envolvimento em possível vazamento de operação contra TH.
Bacellar, preso pela Polícia Federal por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), foi solto após decisão de deputados na Alerj e cumpre medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica.
Lucas Lemos foi preso em novembro quando a polícia local foi cumprir mandado de busca e apreensão na casa de um homem suspeito de tráfico. Os policiais encontraram o vereador chegando ao endereço no momento da operação.
O traficante alvo da ação fugiu, e a polícia pediu à Justiça a quebra de sigilo dos dados do celular do vereador.
A partir das informações, o relatório da Promotoria apontou que Lucas Lemos é suspeito de fazer empréstimos de R$ 1.500 a R$ 7.000 ao tráfico local, além de negociar drogas, vazar ações policiais, esconder veículo usado em homicídio e levantar informações de "contrainteligência", segundo o documento.
Em um dos diálogos entre Lucas Lemos e um traficante, o vereador afirma que "fica no meio desse povo para escutar as coisas", em referência a membros do CV. Ele também monitorava a rotina da Polícia Militar, segundo a Promotoria, informando em tempo real a localização de viaturas.
O homem suspeito de ser traficante, principal interlocutor do vereador, também o teria procurado para pedir favores políticos. Em um dos diálogos, o suposto traficante pede que Lucas Lemos converse com membros da prefeitura e interceda pela contratação de um policial militar para um cargo no município.
O relatório não indica se a contratação foi efetivada.
Em novembro, forças de segurança da Bahia prenderam 37 suspeitos de envolvimento com o Comando Vermelho numa operação comandada pela Polícia Civil. A ação focou na atuação da facção no bairro da Liberdade, em Salvador.
Em Salvador, o cumprimento das ações se concentrou nos bairros da Liberdade, Pernambués, Narandiba, Uruguai e Areia Branca, todas áreas de atuação do Comando Vermelho. A operação também prendeu suspeitos nos municípios de Aratuípe e Ilhéus, no sul da Bahia.
