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Otimismo com novo ano cresce, e 69% dos brasileiros projetam melhora na situação pessoal, diz Datafolha
Otimismo com novo ano cresce, e 69% dos brasileiros projetam melhora na situação pessoal, diz Datafolha
Por Paulo Ricardo Martins/Folhapress
28/12/2025 às 07:02
Atualizado em 28/12/2025 às 15:01
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil/Arquivo
A pergunta feita pelo Datafolha aos entrevistados foi "Na sua opinião, 2026 será um ano melhor, igual ou pior a 2025 para você?"
O brasileiro está otimista para 2026. Segundo pesquisa de opinião do Datafolha, 69% dos entrevistados acreditam que o próximo ano trará melhora em sua situação pessoal na comparação com 2025.
O resultado representa um salto de nove pontos percentuais em relação à última pesquisa. No fim do ano passado, 60% esperavam melhora na situação pessoal em 2025 –patamar mais baixo registrado durante o terceiro mandato do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A pergunta feita pelo Datafolha aos entrevistados foi "Na sua opinião, 2026 será um ano melhor, igual ou pior a 2025 para você?".
Para 2026, 16% disseram que sua situação pessoal será igual à de 2025, e 11% acreditam que ficará pior. Um grupo de 3% dos entrevistados não soube responder à pergunta.
Nas projeções para 2021, os otimistas eram 68%, ante 19% que acreditavam que não haveria mudanças. Os que projetavam piora eram 10%, e 2% não sabiam responder.
A pesquisa também registrou alta no otimismo dos entrevistados em relação à situação do país em geral. Para 60% das pessoas ouvidas pelo Datafolha, 2026 será um ano melhor para os brasileiros na comparação com 2025 –no ano passado, esse percentual era de 47%. A pergunta feita pelo Datafolha foi "Na sua opinião, 2026 será um ano melhor, igual ou pior a 2025 para os brasileiros em geral?".
O resultado iguala o patamar de otimismo observado na virada de 2022 para 2023, logo após as eleições presidenciais que elegeram Lula para um terceiro mandato.
Ainda de acordo com a pesquisa do Datafolha, as mulheres estão mais otimistas para 2026 do que os homens. Um grupo de 74% das entrevistadas acredita que sua situação pessoal irá melhorar em 2026 –patamar que cai para 65% entre o público masculino.
O otimismo também é maior entre aqueles que possuem somente ensino fundamental –74% acreditam que a situação pessoal melhorará em 2026. Entre os que têm ensino superior, esse percentual cai para 62%.
Quanto menor a renda, maior é a expectativa para 2026: 61% dos que ganham mais de dez salários mínimos acreditam que o próximo ano será de melhora na situação pessoal. O número sobe para 72% entre os entrevistados com menos de dois salários mínimos de remuneração mensal.
Além disso, 78% dos entrevistados que votaram em Lula no segundo turno das eleições de 2022 esperam melhora na situação pessoal no próximo ano. Entre os que votaram no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), esse patamar cai para 61%.
Entre os que aprovam o governo Lula, 79% acreditam que sua situação pessoal vai melhorar em 2026, na comparação com 2025; 3% dizem que situação irá piorar. O otimismo cai para 59% entre aqueles que desaprovam a gestão petista, e 19% acham que a situação pessoal irá piorar em 2026.
Os brasileiros que moram no Nordeste estão mais otimistas para 2026 –75% deles acreditam que sua situação pessoal irá melhorar no próximo ano. O nível mais baixo é registrado no Sul (65%).
Para economistas, o otimismo sentido pela população é reflexo do bom desempenho de alguns dos principais indicadores da economia brasileira em 2025. No entanto, a expectativa é de que 2026 seja um ano um pouco menos favorável à economia brasileira.
"[2025] Foi um ano em que os preços dos alimentos se comportaram bem. Com menores taxas de desemprego e com a inflação de alimentos tão baixa, é natural que as pessoas estejam se sentindo bem. E a situação, de fato, está boa", diz Samuel Pessôa, pesquisador do FGV IBRE (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas) e colunista da Folha.
A taxa de desemprego do Brasil recuou a 6,1% no trimestre até novembro, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A taxa renovou a mínima da série histórica da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), iniciada em 2012. Até então, o menor patamar havia sido registrado no trimestre até outubro de 2024, quando a desocupação foi de 6,2%.
Já o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15), considerado a prévia da inflação oficial, acelerou a 0,25% em dezembro, de acordo com o instituto. Com esse resultado, o índice fecha o ano com alta acumulada de 4,41%, dentro da meta perseguida pelo Banco Central.
Para Pessôa, 2026 não será um ano ruim para a economia, mas será mais difícil do que 2025.
"A economia vai desacelerar. É possível que a taxa de desemprego se eleve um pouco, mas o comportamento médio da economia brasileira ainda vai ser de um mercado de trabalho forte e uma inflação contida. Os ganhos de salário que ocorreram nos primeiros anos do terceiro mandato do presidente Lula, que foram ganhos de salários expressivos, não serão diluídos."
No terceiro trimestre, o PIB do Brasil teve avanço de 0,1% em relação aos três meses imediatamente anteriores. A taxa ficou levemente abaixo da mediana das projeções do mercado financeiro, que era de 0,2%, de acordo com a agência Bloomberg. O intervalo das estimativas ia de -0,5% a 0,3%.
O PIB abriu o ano de 2025 com o impulso da safra recorde de grãos, mas passou a dar sinais de desaceleração após o empurrão do campo e com a permanência dos juros altos.
O BC (Banco Central) iniciou em setembro de 2024 um ciclo de aumento na taxa básica de juros, levando a Selic para 15% ao ano. A autarquia tenta esfriar a atividade econômica para baixar a inflação.
Alessandra Ribeiro, diretora da área de Macroeconomia e Análise Setorial da Tendências Consultoria, afirma que "o cenário para 2026 é favorável, apesar da perda de tração".
Ela diz que programas e benefícios lançados pelo governo Lula neste ano, como a ampliação da faixa isenta do Imposto de Renda, o programa Gás do Povo e a criação de uma nova faixa do Minha Casa, Minha Vida voltada à classe média, vão dificultar o cumprimento da meta fiscal para 2026.
Apesar disso, Ribeiro afirma que essas medidas tendem a impulsionar a atividade econômica.
"Esses programas todos juntos, na nossa avaliação, adicionam de 0,3 a 0,4 ponto de porcentagem na taxa de crescimento, ou seja, a gente [o PIB brasileiro] cresce 1,6% –é a nossa estimativa oficial para o ano que vem. Sem esses programas, a gente cresceria 1,2%."
"Qual é o outro lado da moeda? Você sustenta mais a atividade, mas isso tudo piora a nossa situação fiscal. Inclusive é por isso que para 2026 a gente acha que o governo não entrega a meta [fiscal primária], nem perto", completa Ribeiro.
O Datafolha entrevistou 2.002 pessoas com 16 anos ou mais em todo o Brasil, distribuídas em 113 municípios, em pontos de fluxo populacional, de 2 a 4 de dezembro. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, e o nível de confiança da pesquisa é de 95%.
MULHERES SENTEM MAIS ANGÚSTIA POR PROBLEMAS FINANCEIROS DO QUE HOMENS
Entre as mulheres entrevistadas pelo Datafolha, 39% disseram ter sentido angústia por causa de problemas financeiros em 2025, sempre ou frequentemente, ante 28% dos homens. Outros 26% das mulheres disseram não ter sentido —ou ter sentido raramente— angústia por dificuldades econômicas neste ano.
Além disso, 43% do público feminino disse ter sentido sempre ou frequentemente, em 2025, cansaço ou esgotamento mental —o patamar cai para 30% entre os homens.
Elas são também as que mais sentem medo em relação à situação do país: 48% disseram ter tido esse sentimento sempre ou frequentemente em 2025. Entre os homens, o percentual cai para 40%.
Por outro lado, quando perguntados sobre suas conquistas pessais, o percentual daqueles que sentiram orgulho, sempre ou frequentemente, dos seus feitos em 2025 foi semelhante —69% para homens e 67% para mulheres.
