Aliado de Rui cotado para vice de Neto, o ataque de Éden a Quinho, a falta de palanque para Flávio na Bahia e o esperado impacto do VLT no eleitorado do Subúrbio

Aliado desalinhado

Aliado e amigo pessoal do ministro chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), o ex-presidente da União dos Prefeitos da Bahia (UPB) Quinho Tigre (PSD) intensificou conversas nos últimos meses com o candidato a governador ACM Neto (União Brasil), em cuja chapa pode sair como vice. Ex-prefeito de Belo Campo, município próximo a Vitória da Conquista que governou com primor e lhe deu destaque político, Quinho admite à coluna que ficou muito próximo do ex-prefeito de Salvador.

Conversas avançadas

"Sou amigo pessoal do ministro, mas converso com Neto e com Bruno (Reis, prefeito de Salvador e correligionário do ex-prefeito) desde que me tornei presidente da UPB e não posso dizer que não avalio um eventual convite para me tornar candidato a vice-governador da chapa oposicionista", afirma Quinho, que hoje está com a candidatura a deputado estadual muito bem engatilhada na região, da qual se tornou uma das lideranças mais expressivas.

Sudoeste no papo

Para o ex-prefeito de Belo Campo, a aliança com ele complementa Neto política e eleitoralmente exatamente por causa de sua inserção na região Sudoeste, na qual Jerônimo Rodrigues ganhou as eleições de 2022 ao governo da Bahia. "Posso dizer que as conversas estão bem adiantadas e meu relacionamento com o ex-prefeito de Salvador é o melhor possível", afirma Quinho, evitando falar sobre um desentendimento recente com o ex-presidente do PT, Eden Valadares.

Bateu-levou

Irritado com um título de Cidadão de Vitória da Conquista concedido ao senador Angelo Coronel (PSD) pela mulher de Quinho, a vereadora do município Léia de Quinho (PSD), o ex-presidente do PT ligou para o ex-presidente da UPB a fim de passar-lhe uma descompostura. Não contava com que o ex-prefeito de Belo Campo reagisse na tampa, mandando o fiel escudeiro do senador Jaques Wagner para lugar que não vem ao caso mencionar.

Incentivo

A atitude intempestiva de Éden, que foi um péssimo presidente de partido, a ponto de não conseguir fazer seu sucessor no comando da sigla que comanda a Bahia há 20 anos, e é considerado figura arrogante entre os próprios correligionários, acabou precipitando o desejo do ex-prefeito de Belo Campo de se pirulitar para o lado de Neto, que admitiu a candidatura ao governo esta semana num evento em Porto Seguro.

Dois pés

Atacado pela deputada federal Gleisi Hoffman (PR) e outros petistas irritados com o encaminhamento que deu ao PL da Dosimetria aprovado no Senado, Wagner segurou no pelo os solavancos para proteger o amigo e presidente Lula da ira da base. A queda da liderança do governo na Casa no próximo ano cai, no entanto, como uma luva para quem pretende se dedicar à campanha para se reeleger na chapa de Jerônimo.

Proposta

Sujeito da lavagem de roupa suja entre Quinho e Éden, Coronel sabe que é odiado pelo PT, mas avalia com carinho a proposta feita pela cúpula do partido para que não deixe a base do governo, aceitando o plano de concorrer a deputado federal e indicando o filho, o talentoso deputado federal Diego, para a vice de Jerônimo. Não descarta, no entanto, concorrer ao Senado do lado de Neto, aguardando os desdobramentos da candidatura presidencial de Flávio Bolsonaro (PL) na Bahia.

Sem chance

Na passagem do presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, por Porto Seguro esta semana, uma das conversas girou em torno da impossibilidade de o ex-ministro João Roma (Cidadania) virar candidato ao governo para dar palanque a Flávio Bolsonaro (PL) na Bahia. Determinado a concorrer ao Senado na chapa de ACM Neto, Roma já tinha avisado que não toparia a empreitada ao próprio Flávio, com quem é visto com frequência em São Paulo. 

Palanque aberto

Como já antecipou o site Política Livre, a costura ocorre em torno da ideia de Neto ter um palanque aberto na Bahia para todos os candidatos da direita e centro-direita, ao menos para aqueles que conseguirem resistir à candidatura presidencial do pimpolho do ex-presidente, cujo desafio é superar a enorme rejeição que seu sobrenome inspira não só na Bahia, onde Lula é forte, mas em todo o território nacional. 

VLT já

A articulação política do governo estadual acredita que, no momento em que começar a funcionar, o VLT vai recuperar para as esquerdas o eleitorado do Subúrbio, no coração do qual o time de Neto entrou desde sua primeira eleição à Prefeitura de Salvador, em 2012. A expectativa é pra já, a tempo de poder influenciar positivamente na reeleição de Jerônimo no pleito do próximo ano.

Pitaco

* O surgimento do nome da secretária estadual Larissa Moraes (Infraestrutura) como alternativa do MDB à vice na chapa do governador abalou ainda mais o moral do titular Geraldo Jr., a despeito dos elogios que vem recebendo pelo sucesso do implante capilar.

* Sem espaço à vista no governo e muito menos na sucessão, Geraldo Jr. vive o dilema de substituir o filho, o deputado Mateus Ferreira (MDB), na corrida à Assembleia Legislativa ou simplesmente não concorrer a nada, dado o risco de nenhum dos dois se eleger.

* Devido aos festejos deste fim de ano, a expectativa em torno do reacendimento da Faroeste, operação que afastou meio mundo de desembargadores no Tribunal de Justiça da Bahia, refluiu temporariamente, refocando no surgimento de uma nova fase para 2026.

* Responsável pelo desarranjo na chapa governista, por ter decidido concorrer à reeleição rompendo compromisso de não fazê-lo firmado em 2022, Wagner é dos mais empenhados na tarefa de impedir que Coronel deixe a base governista, concorrendo à Câmara dos Deputados.

* A preocupação do senador petista faz todo sentido. Pesquisas apontam que deixar Coronel disputar o Senado, num cenário que incluiria Rui e ainda Roma, pode fragilizar a candidatura de Wagner na chapa de Jerônimo.

* A escolha de Carina Canguçu pelo presidente da República para o cargo de desembargadora eleitoral do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), dado o reconhecido preparo técnico da advogada e seu fácil trânsito entre os futuros colegas, deu enorme estabilidade à Corte, na visão de advogados que militam na área eleitoral.

* No TRE, quem também é alvo de elogios da esquerda à direita pelo comportamento impecável durante o período em que o cargo de titular ficou vago é o desembargador eleitoral substituto Ricardo Maracajá, considerado uma revelação na Corte. 

* Deputados estaduais e federais asseguram que, apesar de o novo Ano começar sempre depois do Carnaval, eles vão iniciar a campanha com todo vigor logo depois da virada do ano. "Não há como dar sorte ao azar", brinca um deles.

* A deputada Ivana Bastos (PSD) chega ao fim do ano como destaque legislativo não apenas entre os jornalista que fazem a cobertura da Casa, mas principalmente dos funcionários, que lhe dirigem apenas elogios.