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Mercosul negocia com outros países enquanto aguarda acordo com UE

Mercosul negocia com outros países enquanto aguarda acordo com UE

Bloco sul-americano discute tratados com Japão, Reino Unido, Índia, Indonésia e Canadá

Por Augusta Saraiva/Folhapress

21/12/2025 às 12:40

Foto: Ricardo Stuckert/PR

Imagem de Mercosul negocia com outros países enquanto aguarda acordo com UE

Representantes de países do Mercosul se reúnem em Foz do Iguaçu (PR)

Enquanto a União Europeia luta para convencer os países-membros a assinar o acordo comercial com o Mercosul, os concorrentes estão de olho no mercado consumidor e nos vastos recursos minerais da América do Sul.

Estimuladas por outros mercados após a imposição de tarifas dos EUA, as negociações entre o bloco sul-americano e parceiros como Emirados Árabes Unidos, Canadá e Índia estão ganhando importância enquanto uma UE dividida hesita após mais de um quarto de século de conversas.

A perspectiva de rivais garantirem acesso preferencial aos mercados do Mercosul —incluindo minerais críticos— está aguçando a atenção em outros países de todos os continentes.

"Estamos determinados a aprofundar nossos laços comerciais", afirmou Yasushi Noguchi, embaixador do Japão no Brasil nesta semana. O Japão está "muito interessado em como as coisas acontecem" no acordo UE-Mercosul, já que empresas japonesas frequentemente competem diretamente com empresas europeias, destacou.

A impaciência com a UE veio à tona na reunião de líderes governamentais do Mercosul nesse sábado (20), após a resistência de agricultores europeus —particularmente na França e Itália— causar mais um adiamento no tratado dos dois blocos.

"Sem vontade política e coragem de seus líderes, não será possível concluir uma negociação que se arrasta há 26 anos", disse o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, na cúpula realizada em Foz do Iguaçu (PR). "Enquanto isso, o Mercosul continuará trabalhando com outros parceiros", comentou.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, era esperada na cúpula para assinar o acordo UE-Mercosul. Ela cancelou abruptamente sua viagem depois que a UE não conseguiu reunir os votos para aprová-lo.

Agora as autoridades europeias almejam assinar o acordo em meados de janeiro. A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, que detém o voto decisivo, afirmou a Lula na última quinta-feira (18) que está confiante de que pode apoiar o acordo se tiver mais tempo para angariar apoio doméstico.

O Mercosul aceitou uma exigência de última hora da UE por medidas de salvaguarda para proteger seus agricultores. O texto foi aprovado pelo Parlamento Europeu na terça-feira (16), mas não agradou os franceses, que pediram mais garantias.

Países da UE como França e Polônia há muito se opõem ao acordo, argumentando que dar acesso à indústria agrícola gigante da América do Sul prejudicaria os agricultores europeus.

A Bloomberg Economics estimou que o acordo desencadearia um impulso econômico de até 0,7% até 2040 para os países do Mercosul e 0,1% para a Europa.

No entanto, a UE tem mais a ganhar geopoliticamente ao expandir-se em uma parte do mundo onde a China está cada vez mais ganhando terreno, de acordo com a análise.

O acordo UE-Mercosul continua sendo uma salvação para a América do Sul. Ele criaria um mercado integrado de cerca de 780 milhões de consumidores e provavelmente impulsionaria indústrias como a agricultura, aumentando o investimento europeu na região.

Com as tarifas de Trump remodelando o comércio global, a UE está em uma corrida contra o tempo para buscar novas parcerias e expandir as antigas para diversificar o comércio.

O Mercosul assinou um acordo de livre comércio este ano com o bloco formado por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein, conhecido como EFTA. Espera concluir negociações com os Emirados Árabes Unidos e Canadá em 2026.

O bloco comercial planeja iniciar negociações em breve com o Reino Unido, iniciou conversas com o Vietnã e El Salvador e está trabalhando no desenvolvimento de uma estrutura comercial com o Japão.

"Estamos dispostos a avançar, entendendo que a Europa tem seus próprios prazos para resolver seus assuntos institucionais internos", declarou o ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Ruben Ramirez, na sexta-feira (19). "Mas, ao mesmo tempo, esses prazos não são infinitos".

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