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Master arrasta STF de forma inédita para o centro da crise e eleva tensão em Brasília e SP
Master arrasta STF de forma inédita para o centro da crise e eleva tensão em Brasília e SP
Integrantes do governo e da Corte temem a erosão da imagem de Alexandre de Moraes, considerado central na preservação da democracia brasileira
Por Mônica Bergamo/Folhapress
26/12/2025 às 19:00
Atualizado em 26/12/2025 às 22:03
Foto: Antonio Augusto/TSE/Arquivo
O ministro Alexandre De Moraes, do STF, e a esposa Viviane Barci
As investigações contra o Banco Master, liquidado em novembro pelo Banco Central, arrastaram de forma inédita o STF (Supremo Tribunal Federal) para o centro de uma crise em que um de seus integrantes é criticado, pela primeira vez, não por seu papel de moderador e julgador —mas como protagonista de acusações de supostas irregularidades.
O contrato de R$ 129 milhões do escritório de advocacia de Viviane de Moraes, mulher do ministro Alexandre de Moraes, com o Master, por um trabalho ainda não esclarecido, deixa um ponto de interrogação que, na leitura de outras autoridades, afeta a imagem do magistrado. E, portanto, a do STF, do qual Moraes é hoje a figura mais emblemática.
Uma reportagem do jornal O Globo afirmou também que ele tentou interferir junto ao BC (Banco Central) para favorecer a instituição financeira.
O ministro guardou até agora silêncio sobre o valor do contrato. O escritório de Viviane também não responde aos questionamentos. Em nota, Moraes desmentiu que tivesse pressionado o BC no caso Master.
O abalo na imagem do ministro elevou a tensão em Brasília, entre integrantes do governo e do próprio STF, e também no mercado financeiro, em SP, que tem interesse direto no desfecho do caso Master.
Em primeiro lugar, há uma percepção de que o caso Master tem potencial para se transformar em um escândalo de grandes proporções, alcançando integrantes do Legislativo, personagens próximos do Executivo —e agora, pela primeira vez, arranhando a imagem do Judiciário.
Ministros e integrantes de escalões diversos do governo Lula se mostram preocupados com a erosão da imagem de Moraes e um abalo, por extensão, na credibilidade do STF.
Eles reconhecem a importância do tribunal, e especialmente de Moraes, na preservação da democracia brasileira e se preocupam com as consequências, para a mesma democracia, de um processo de descredibilização do STF.
Um integrante do governo chegou a afirmar à reportagem que Moraes não teria condições de "sobreviver" a uma aliança que estaria se formando contra ele e que juntaria banqueiros e empresários da avenida Faria Lima, órgãos de mídia e setores da direita.
Seria uma briga muito mais dura do que a que ele travou, afirma a mesma pessoa, com um isolado Jair Bolsonaro e com militares igualmente desarticulados de centros de poder.
Integrantes do mercado financeiro seguem dispostos a manter a pressão sobre o STF para que o dono do Master, Daniel Vorcaro, seja responsabilizado pelas irregularidades que estão sendo investigadas. Um deles afirmou à reportagem que a ideia não é "derrubar o Alexandre", mas sim impedir que as apurações sobre o Master terminem "em pizza".
Ministros da Corte se dividem: alguns disseram à reportagem acreditar que a crise é passageira e que Moraes está sendo vítima de uma narrativa falsa —a de que tentou interferir em favor do Master junto ao Banco Central. Não haveria qualquer prova de que isso ocorreu, e as reportagens não se sustentariam.
Outros magistrados afirmaram à reportagem que o ministro merece apoio e está sendo atacado por suas qualidades. Apesar disso, avaliam que ele deveria ter reagido com maior veemência às publicações que o acusam de agir em favor do Master, detalhando também as atividades do escritório de Viviane de Moraes em defesa do banco para que sobre elas não pairasse qualquer dúvida.
