Investigação do caso Master leva BRB a revisar plano de nacionalização
Por Lucas Marchesini, Folhapress
13/12/2025 às 07:53
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil/Arquivo
Banco Regional de Brasília
A investigação da Polícia Federal sobre operações do BRB (Banco Regional de Brasília) com o Banco Master levou a instituição financeira do Distrito Federal a revisar seus planos de nacionalização.
A intenção já foi comunicada pelo presidente da instituição financeira, Nelson de Souza, aos funcionários do banco. Ele disse em reuniões internas que avaliaria "como e se" a expansão continuaria, uma vez que a nova administração está mapeando o alcance do estrago provocado pela compra de carteiras de crédito com indícios de fraude e de papeis do Banco Master.
No início de 2019, primeiro ano de governo de Ibaneis Rocha (MDB), o BRB tinha agências em seis estados além do DF: Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Em junho deste ano, estava em 19 estados além da capital federal.
Neste ano, porém, o banco fechou mais de 20 agências na Bahia, abertas entre 2021 e 2023, e colocou à venda o mobiliário adquirido para equipar as unidades.
Questionado, o BRB informou que "está focado na consolidação e no fortalecimento de seus negócios". "Não há decisão ou processo em andamento para venda de ativos fora do Distrito Federal", prosseguiu.
A expansão do banco para além da capital federal é um baluarte da gestão de Ibaneis Rocha. O marco simbólico desse novo momento do banco foi o patrocínio ao Flamengo, time de coração do governador, iniciado em 2020.
O contrato de R$ 32 milhões anuais colocou a marca do banco na camisa de um dos times mais populares do país. Desde então, o banco ganhou 3,7 milhões de novos clientes.
Sob essa estratégia, os gastos com patrocínio do BRB saltaram de R$ 7,2 milhões gastos em 2019 para R$ 107,5 milhões no ano passado.
Neste ano, o valor previsto é de R$ 125,8 milhões —desse total, R$ 82,3 milhões já tinham sido gastos até o fim de setembro.
A nova administração do BRB, porém, abriu uma auditoria interna para reavaliar todos os patrocínios. Questionado, o banco não esclareceu o motivo da apuração.
"Todos os contratos vigentes permanecem inalterados", limitou-se a informar.
Pessoas a par da investigação afirmam que a auditoria nos patrocínios é parte de uma apuração mais ampla dentro da instituição financeira após a eclosão do caso Master.
Nos últimos anos, além da exposição nacional da marca, o BRB buscou expandir sua atuação em outros estados a partir de licitações. Venceu concorrências para gerenciar depósitos judiciais em Alagoas, Bahia e Paraíba. Em junho deste ano, passou a tocar a folha salarial do governo do Tocantins.
Ao final de março de 2025, a carteira de depósitos judiciais sob gestão do BRB somava R$ 25 bilhões.
"Os contratos seguem plenamente executados. Novos negócios serão sempre pautados por avaliações técnicas e regulatórias criteriosas", afirmou o BRB.
No primeiro semestre deste ano, o banco estatal de Brasília protagonizou uma longa negociação para a aquisição de parte dos ativos do Banco Master. O processo está sob investigação e a aquisição foi barrada pelo Banco Central.
Com a deflagração da operação Compliance Zero, pela PF, o ex-presidente do BRB Paulo Henrique Costa foi afastado —ele acabou sendo exonerado pelo governador Ibaneis Rocha. O ex-presidente da Caixa Nelson de Souza foi escolhido para ser seu substituto.
