Enquanto Rui fortalece o Avante e Wagner controla o PT, Jerônimo robustece o PSB

Com o acerto para o ingresso de quatro deputados estaduais do PP no PSB, na semana passada, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) colocou pela primeira vez sua própria bola em campo no grupo governista. Assim, com o mesmo propósito, ele repete movimentos que vêm sendo feitos pelo ministro chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), que tem buscando fortalecer o Avante, por meio do ex-deputado e fiel escudeiro Ronaldo Carletto, e o próprio senador Jaques Wagner (PT), que reina absoluto como gestor e líder da federação composta pelo PT, o PCdoB e o PV.

Além de ter incrementado o status dos parlamentares do PP que ingressarão no partido da deputada federal Lídice da Mata (PSB), Jerônimo robusteceu também a figura do prefeito de Jequié, Zé Cocá, que se distanciou de Rui e chegou a namorar o ex-prefeito ACM Neto (União Brasil), principal líder das oposições e candidato ao governo da Bahia no ano que vem. Agora, entrando no PSB, Cocá passa a ser uma possibilidade de vice, concretamente, para o governador, a despeito de Jerônimo não contar com o aval de Rui para a composição com o prefeito. 

A abertura de um novo cenário no campo governista com a atração dos parlamentares para o partido de Lídice levou, inclusive, a críticas de partidos que integram a base governista, preocupados em que a agremiação supere o status atual e passe a desempenhar mais influência no jogo político com repercussões até sobre a formação da chapa do governismo para a próxima eleição.

A aposta em partidos da base que lhe devotem, em troca, fidelidade passou a ser a estratégia utilizada, primeiro, por Rui e, em seguida e agora paralelamente, por Jerônimo, para fazer frente ao absoluto domínio que Wagner exerce sobre o PT, principal partido da coligação governista, e por extensão sobre o PCdoB e o PV, que integram a federação. O movimento começou lá atrás, depois que alertaram Rui de que ele poderia permanecer boiando em seu partido e, consequentemente, na política baiana, caso não tivesse uma sigla para chamar de sua.

Do forte entendimento com o ex-deputado Carletto, nasceu a ideia da parceria pela qual ele não apenas pode decidir concorrer a qualquer cargo, no caso de decidir se afastar do PT, como fortalecer à distância o Avante a fim de tocar seus planos políticos, que passa pela ideia de concorrer ao cargo de senador em 2026 ao lado de Wagner na chapa com que Jerônimo vai disputar a reeleição. Atualmente, não há semana em que os Carletto e Rui não se encontrem em Brasília para acertar a filiação de prefeitos ou lideranças do interior no Avante com vistas ao projeto.

Com o domínio que exerce sobre o PT e a federação liderada pela sigla, Wagner não tem do que se preocupar, já que por meio daqueles que lhe são mais ligados consegue também controlar não apenas o núcleo político do governo como pastas importantes, exercendo um poder e influência que nunca teve na gestão do sucessor Rui. O ministro, por sua vez, trabalha ativamente pela candidatura ao Senado, Casa onde considera que pode finalmente obter sua alforria política. Com o PSB, Jerônimo pretende reforçar sua posição como candidato à reeleição.