Eleição no Vitória pode antecipar embate entre Jerônimo Rodrigues e ACM Neto, marcado para 2026

As eleições do Esporte Clube Vitória, marcadas para o próximo 13 de dezembro, prometem extrapolar o campo esportivo e alimentar, ainda mais, uma disputa com tintas políticas. A sucessão no comando do clube pode se transformar em mais um capítulo do embate entre dois grupos que simbolizam o cenário político baiano: o do ex-prefeito ACM Neto (União Brasil) e o do atual governador Jerônimo Rodrigues (PT).

O atual presidente do Leão, Fábio Mota, buscará manter influência na direção rubro-negra. Antes de assumir o clube, ele foi secretário de Mobilidade de Salvador na gestão de ACM Neto, o que o coloca simbolicamente no campo “azul”, ligado ao grupo político do ex-prefeito.

De bom relacionamento político, Fábio Mota, que chegou a ser filiado ao MDB, partido que hoje integra a base de Jerônimo, foi cogitado para ser um dos coordenadores da campanha de Neto em 2022, onde o ex-prefeito acabou derrotado para Jerônimo no segundo turno. No entanto, devido aos trabalho no Leão, optou por apenas ficar na torcida. 

Já do outro lado, a oposição prepara terreno com um nome que tem ganhado notoriedade no meio da torcida, principalmente nas discussões que envolvem a transformação do clube em SAF (Sociedade Anônima de Futebol): o deputado estadual Marcone Amaral (PSD), ex-jogador do Vitória e um dos líderes do Movimento Vitória SAF (MVSAF), grupo que participa ativamente da discussão sobre a transformação do clube em Sociedade Anônima do Futebol. Marcone, aliado do governador Jerônimo Rodrigues, integra o Grupo de Trabalho para Estruturação da SAF rubro-negra e desponta como um dos nomes mais fortes para representar o campo “vermelho”. O parlamentar tenta uma aproximação do Vitória com potenciais investidores do Qatar, país que jogou e também é naturalizado. 

Fontes ligadas a este Política Livre apontam que Marcone já recebeu o apoio direto de Jerônimo Rodrigues, que vê no deputado uma liderança capaz de aproximar o clube do projeto político que o PT. O deputado também estaria recebendo apoio de outros movimentos, inclusive um mais ligado a ideias de esquerda dentro do clube, que é a Frente Vitória Popular. 

Nos bastidores, a corrida eleitoral no Vitória é vista como um microcosmo da disputa que deve marcar as eleições estaduais de 2026, quando Jerônimo Rodrigues e ACM Neto devem se enfrentar novamente pelo Palácio de Ondina. Fãs de futebol, Jerônimo é um assumido torcedor do Vitória, enquanto Neto é declarado seguidor do Bahia.

As chapas da eleição podem ser inscritas até esta quinta-feira (13). Ao total, 18.977 sócios estão habilitados a participar do pleito. Para ter direito a voto, o sócio rubro-negro precisa estar associado a no mínimo 18 meses.