Advogado deixa defesa de ex-assessor de Moraes para evitar 'beligerância' com STF

O advogado Eduardo Kuntz deixou a defesa de Eduardo Tagliaferro.

Ex-assessor do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, Tagliaferro foi denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) por vazar mensagens de integrantes do gabinete do magistrado com o intuito de obstruir investigações sobre a trama golpista.

Moraes e o ministro Cristiano Zanin já votaram nesta sexta (7) para torná-lo réu. Os outros dois ministros da Primeira Turma do STF, Cármen Lúcia e Flávio Dino, ainda vão apreciar a denúncia.

O advogado Kuntz afirma que deixou a defesa de Tagliaferro porque ela exige uma postura "beligerante" contra a Corte, já que se trata de um embate direto do ex-assessor contra Moraes _o que exigiria confrontar duramente o magistrado, inclusive com representações questionando sua imparcialidade.

A postura, afirma, poderia contaminar o julgamento de outros clientes que representa e que respondem a processo no STF.

Entre eles está Marcelo Câmara, ex-assessor de Jair Bolsonaro que foi preso por determinação de Moraes sob a suspeita de tentativa de obstrução de Justiça.

No mesmo processo, o ministro decidiu pela abertura de um inquérito contra o próprio advogado Kuntz. Ele e Câmara são acusados de tentar obter ilegalmente informações sobre a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, que comprometeu Bolsonaro e auxiliares na tentativa de golpe de Estado.

"O julgamento do Câmara está marcado para dezembro. E eu pretendo fazer uma defesa combativa, mas técnica", diz Kuntz. "Não tenho nada contra Alexandre de Moraes nem contra qualquer ministro do Supremo", afirma.

Ele diz que a defesa de Tagliaferro será agora feita pelo advogado Paulo Faria, que representa o ex-deputado federal Daniel Silveira e já chegou a sugerir avaliação psiquiátrica e uso de camisa de força em Alexandre de Moraes.