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Moro apresenta emenda para tentar salvar PEC da Blindagem diante de repercussão negativa
Moro apresenta emenda para tentar salvar PEC da Blindagem diante de repercussão negativa
Por Thaísa Oliveira, Folhapress
23/09/2025 às 13:54
Foto: Saulo Cruz/Divulgação/Agência Senado/Arquivo

O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) apresentou uma emenda para tentar salvar a PEC da Blindagem nesta terça-feira (23) e limitar o texto aprovado na semana passada pela Câmara dos Deputados.
O senador propõe que seja exigida autorização prévia da Câmara ou do Senado para a abertura de investigações contra deputados e senadores quando houver "crime contra a honra" ou "qualquer imputação fundada exclusivamente em opiniões, palavras e votos do parlamentar", ressalvado o crime de ameaça.
Pela sugestão do senador, que pavimentou sua carreira política com o discurso de combate à corrupção, se a denúncia contra o parlamentar tiver sido feita "por outros crimes", o Congresso ainda assim poderia "sustar, até a decisão final, o andamento da ação".
A ideia já tinha sido antecipada nesta segunda (22) pelo presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), diante da enorme mobilização popular nas 27 capitais do país, no domingo (21), e da onda de críticas nas redes sociais contra a proposta de emenda à Constituição.
A PEC da Blindagem é o primeiro item da pauta de votações desta quarta-feira (24) da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado. Parlamentares avaliam que há votos suficientes para enterrar a proposta de forma definitiva.
Na justificativa, Moro afirma que a alternativa apresentada por ele visa reforçar a liberdade de expressão e a imunidade parlamentar, mas ao mesmo tempo manter "o regime atual para crimes comuns, tais como corrupção e lavagem de dinheiro".
A PEC obriga o STF (Supremo Tribunal Federal) a pedir licença prévia ao Congresso para processar criminalmente deputados federais e senadores, regra que existiu de 1988 a 2001 e que caiu devido a um amplo cenário de impunidade.
A medida é um antigo desejo de boa parte do mundo político que, publicamente, argumenta precisar se defender de coação judicial por discursos e posições ideológicas. Nos bastidores, o principal temor são as investigações a cargo do STF relativas a suspeitas de corrupção na aplicação das bilionárias emendas parlamentares.
A proposta de Moro afirma ainda que a votação no plenário deve ser feita de forma aberta —e não sigilosa, como foi aprovado pelos deputados federais. Para blindar o parlamentar bastaria ainda assim a maioria dos votos do plenário.
A emenda de Moro é assinada por outros 12 senadores da oposição, incluindo Ciro, o líder do PL, Carlos Portinho (RJ), o líder da oposição, Rogério Marinho (PL-RN), e o ex-vice-presidente da República de Jair Bolsonaro (PL), senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS).
Também assinam a emenda os senadores Esperidião Amin (PP-SC), Alan Rick (União Brasil-AC), Jorge Seif (PL-SC), Plínio Valério (PSDB-AM), Jaime Bagattoli (PL-AC), Marcos Rogério (PL-RO), Dorinha Seabra (União Brasil-TO) e Márcio Bittar (PL-AC).
Questionado pela Folha sobre a sugestão de Ciro nesta segunda (22), o presidente da CCJ, senador Otto Alencar (PSD-BA), disse que não cabe aperfeiçoamentos à PEC.
"Essa PEC não pode nem deve voltar para a Câmara, absolutamente, porque lá podem repor [trechos que forem descartados ou modificados]. O que nós devemos fazer é rejeitá-la. Sepultá-la na CCJ e no plenário do Senado Federal", disse.
