Gestão do Banco Central é a mais dura desde 2016, diz Pine
Por Julio Wiziack/Folhapress
25/09/2025 às 08:02
Foto: Lula Marques/Agência Brasil/Arquivo

Uma ferramenta criada pelo Banco Pine que utiliza algoritmos e inteligência artificial para analisar a comunicação do Banco Central mostrou que a atual gestão, de Gabriel Galípolo, é a mais hawkish (termo do mercado financeiro para uma política monetária mais dura) desde 2016, quando Ilan Goldfajn esteve no comando da autarquia.
Segundo o diretor de pesquisa macroeconômica do Pine, Cristiano Oliveira, esse tom mais duro é uma estratégia de Galípolo de utilizar a comunicação como ferramenta na condução da política monetária.
"Acreditamos que por trás disso esteja a ideia de convergir a inflação para a meta e, quando o processo de afrouxamento monetário começar, conseguir entregar taxa de juros reais mais baixa", disse Oliveira.
Ele também atribui à postura mais dura de Galípolo o descasamento entre a política fiscal (de maior gastança) e a monetária, que o economista monitora desde o segundo semestre de 2022.
Nesse caso, não é só a comunicação que é importante, mas o ato em si da manutenção dos juros em campo mais restritivo para frear uma inflação provocada pelo estímulos dos governos na economia.
Oliveira também cita que a comunicação do presidente do BC está condizente com uma necessidade de construção de reputação e credibilidade, algo que, segundo o economista, é normal em início de cada nova gestão de banqueiros centrais.
Na ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), publicada nesta terça (23), o Banco Central disse que entrou em uma nova fase de sua estratégia, após uma "firme" alta da taxa básica de juros, a Selic.
Após decidir mantê-la em 15%, o BC afirmou que vai examinar os impactos acumulados dos juros e entender se a manutenção no atual patamar por tempo prolongado será suficiente para convergir a inflação à meta.
Para Cristiano Oliveira, a ata foi levemente menos dura do que o breve comunicado do BC divulgado na semana passada após a decisão de manter os juros em 15%.
O economista acredita que, na última reunião do Copom deste ano, o Banco Central já terá espaço para iniciar um corte da Selic. Mas ele diz que o tom dos comunicados do BC coloca em dúvida se, de fato, Galípolo irá iniciar o corte de juros ainda em 2025.
