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CPI do INSS mantém depoimento de Careca do INSS e insistirá em ouvir Nelson Willians após operação
CPI do INSS mantém depoimento de Careca do INSS e insistirá em ouvir Nelson Willians após operação
Por Daniel Waterman/Estadão Conteúdo
12/09/2025 às 10:44
Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil/Arquivo

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do INSS vai manter os depoimentos do lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, e do empresário Maurício Camisotti, presos pela Polícia Federal nesta sexta-feira, 12, e insistir na convocação do advogado Nelson Willians, que também foi alvo da operação.
O depoimento do “Careca do INSS” está marcado para a próxima segunda-feira, 15. Camisotti, por sua vez, deve ser ouvido na quinta-feira, 18. Com a prisão, agora a CPI dependerá de autorização do STF para ouvir os dois, segundo o relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União-AL). Há pedidos para depoimento e quebras de sigilo de Nelson Willians, mas os requerimentos ainda não foram aprovados.
“O povo brasileiro foi roubado em proporções bilionárias, ninguém estava entendendo porque dois criminosos dessa proporção estavam soltos perambulando com o dinheiro do povo. Isso representa um marco muito importante”, disse o relator ao Estadão. A CPI havia aprovado um pedido de prisão de Antunes e Camisotti, junto com outros envolvidos na Fraude do INSS.
Segundo o parlamentar, a prisão é importante para que os envolvidos “se animem” a colaborar com as investigações e revelar a origem e o destino do pagamento de propina, que é apontado na investigação da PF, e quem dava apoio político para as fraudes.
“Temos de ouvir os três. O Nelson Willians fez negócio milionário com o Camisotti, negócio particular, e a gente tem de saber qual a origem desses negócios. E temos de ouvir os outros dois para explicar como se deu toda essa estrutura criminosa da organização e saber a quem eles deviam obediência”, disse Gaspar.
A Operação Cambota, deflagrada pela PF nesta sexta, cumpre 13 mandados de busca e apreensão em São Paulo e no Distrito Federal. A operação foi autorizada pelo ministro Andre Mendonça do Supremo Tribunal Federal (STF). A suspeita de fuga levou a polícia a prender Antunes e Camisotti.
O escritório Nelson Willians, por sua vez, entrou na mira da investigação porque recebeu pagamentos de envolvidos no esquema e fez uma transferência ao empresário Maurício Camisotti. A PF suspeita que as operações tinham o objetivo de lavagem de dinheiro.
No governo, a operação foi recebida com alívio nos bastidores, pois, de acordo com integrantes do Poder Executivo, havia muita pressão e cobrança sobre a prisão de envolvidos na Fraude do INSS.
O INSS começou a ressarcir aposentados e pensionistas lesados pelo esquema em julho e prevê que sejam pagos R$ 3,3 bilhões ainda neste ano. A avaliação, no entanto, é de que ainda é preciso limpar a imagem do INSS e recuperar a credibilidade do órgão após a descoberta da fraude. Procurado, o INSS ainda não se manifestou sobre a operação.
A defesa de Camisotti afirma que “não há qualquer motivo que justifique sua prisão”. Os advogados de Nelson Willians alegam que a relação dele com um dos investigados na fraude “é estritamente profissional e legal” e que a medida é tem caráter investigativo, “não implicando qualquer juízo de culpa ou responsabilidade”.
