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Boicotado em discurso na ONU, Netanyahu compara reconhecer Palestina a dar Estado à Al Qaeda pós-11/9

Boicotado em discurso na ONU, Netanyahu compara reconhecer Palestina a dar Estado à Al Qaeda pós-11/9

Por Daniela Arcanjo e Guilherme Botacini, Folhapress

26/09/2025 às 14:27

Foto: Reprodução

Netanyahu criticou líderes ocidentais que reconheceram Estado palestino durante reunião global

Dezenas de delegações, incluindo a do Brasil, deixaram o plenário da Assembleia-Geral das Nações Unidas antes da fala do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, nesta sexta-feira (26), em um protesto à guerra na Faixa de Gaza.

Por outro lado, o premiê foi aplaudido por parte dos presentes —a maioria deles na galeria, que estava cheia de convidados de Tel Aviv, como no ano passado—, enquanto o presidente da sessão pedia ordem. Ao longo da sua fala, recheada de ataques a líderes ocidentais, era possível ouvir alguns protestos.

Do lado de fora da sede, na Times Square, centenas de manifestantes comemoraram quando as delegações saíram do plenário. O grupo carregava cartazes nos quais se lia frases como: "Acabem com toda a ajuda dos EUA a Israel", "Prendam Netanyahu" e "Parem de matar Gaza de fome agora".

As duras críticas do líder se devem à onda de reconhecimento do Estado palestino após o conflito —movimento que ganhou tração durante a Assembleia-Geral com o anúncio de países como França, Reino Unido e Canadá.

"Dar um Estado aos palestinos a uma milha de Jerusalém depois do 7 de Outubro é como dar um Estado para a Al Qaeda a uma milha de Nova York depois do 11 de Setembro. Isso é loucura, é insano, e nós não vamos fazer isso", afirmou Netanyahu.

"Aqui vai outro recado para esses líderes ocidentais [que reconheceram a Palestina]: Israel não vai permitir que vocês nos empurrem um Estado terrorista garganta abaixo. Não vamos cometer suicídio nacional porque vocês não têm coragem de enfrentar uma mídia hostil e multidões antissemitas que exigem bloqueio de Israel", completou o premiê.

A fala de Netanyahu se dá em um momento diplomático adverso para Tel Aviv. Além da pressão internacional crescente pelo fim da guerra em Gaza, o premiê viu na véspera seu principal aliado, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar que não dará seu aval à anexação da Cisjordânia, hoje um território ocupado por forças israelenses. "Já chega, agora é hora de parar", declarou o americano no Salão Oval da Casa Branca.

O premiê também se defendeu das acusações de genocídio em Gaza, que vêm da maior associação acadêmica mundial de estudiosos desse tipo de crime, de uma comissão contratada pela ONU e até mesmo de algumas das mais importantes ONGs israelenses.

Segundo ele, Tel Aviv não estaria mirando civis e faria alertas de evacuação antes dos ataques. A medida, no entanto, já fez quase a totalidade da população de 2,2 milhões de habitantes de Gaza fugir mais de uma vez ao longo do conflito e não é apontada por especialistas como uma evidência de que não há genocídio, e sim como uma política de deslocamento forçado.

Netanyahu ainda acusou os palestinos de não aceitarem uma solução de dois estados —algo que ele tampouco defende. No domingo passado (21), por exemplo, o premiê afirmou em Israel que "um Estado palestino não será estabelecido a oeste do Rio Jordão".

Durante sua fala, Netanyahu também voltou a mostrar mapas do Oriente Médio, como fez em outras oportunidades na ONU, mostrando o que chama de "maldição" —o Irã e países em que existem grupos aliados e financiados por Teerã. Ele ainda exibiu cartões com um quiz que mostrava os inimigos de Tel Aviv.

O premiê afirmou que vai caçar o Hamas, em suas palavras, se o grupo terrorista não libertar todos os reféns em Gaza. "Abaixem suas armas, deixem meu povo ir. Libertem os reféns, todos eles, agora. Se o fizerem, vão viver. Se não, Israel vai caçar vocês", disse.

Em dado momento do discurso, o premiê se dirigiu aos sequestrados e falou em hebraico que eles não foram esquecidos. "Não vacilaremos, não descansaremos, até que tragamos todos vocês para casa", disse, ao ler o nome dos reféns vivos.

Segundo o líder, esse trecho foi transmitido nos telefones e alto-falantes de Gaza com a ajuda do serviço de inteligência israelense, embora moradores do território palestino tenham falado ao jornal americano The New York Times que não conseguiram ouvir o discurso.

Netanyahu subiu ao púlpito das Nações Unidas com um grande broche contendo um QR code que, ao ser escaneado, leva a um vídeo com imagens dos ataques terroristas que mataram cerca de 1.200 pessoas, fizeram 251 reféns e iniciaram a guerra. "Este site contém conteúdos extremamente difíceis de assistir do terrível massacre que o Hamas realizou no dia 7 de outubro", diz um alerta da página.

Na quinta-feira (25), o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, fez seu discurso na Assembleia-Geral por vídeo —os EUA lhe negaram visto para ir a Nova York. Ele criticou a visão de um "Grande Israel", conceito de expansão da nação sobre Cisjordânia, Gaza e partes de países vizinhos como Egito e Líbano defendido por Netanyahu, e reafirmou que a ANP reconhece o direito do Estado judeu de existir.

A Cisjordânia é administrada oficialmente pelo órgão liderado por Abbas, mas sob ocupação militarmente por Israel, que é quem exerce, na prática, o controle territorial e o papel de polícia.

O líder ainda fez declarações duras contra os ataques de Israel em Gaza e disse que o conflito entrará para os livros de história como um dos capítulos mais horríveis dos séculos 20 e 21. "O povo palestino em Gaza encara uma guerra de genocídio, destruição, fome e deslocamento travada pelas forças de ocupação israelenses", afirmou ele, por videoconferência.

Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, as forças de Tel Aviv cercaram Gaza e seus mais de 2 milhões de habitantes, que estão ameaçados por uma "fome generalizada", segundo as Nações Unidas. A ofensiva israelense já matou mais de 65 mil pessoas, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do território palestino, controlado pelo grupo terrorista.

Os dados são considerados confiáveis pela ONU e não podem ser checados de forma independente devido ao bloqueio de Israel à entrada da imprensa internacional em Gaza.

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