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O que as primeiras mudanças no governo de Jerônimo sugerem, por Raul Monteiro*
O que as primeiras mudanças no governo de Jerônimo sugerem, por Raul Monteiro*
Por Raul Monteiro*
14/08/2025 às 09:05
Foto: Divulgação/Arquivo

As primeiras mudanças no governo estadual tocadas diretamente por Jerônimo Rodrigues (PT) nestes quase três anos de gestão, tornadas públicas na última terça-feira, envolvendo entre os órgãos principais as secretarias de Ciência e Tecnologia e de Administração e o Detran, foram planejadas com antecedência mas anunciadas de surpresa. Talvez por isso o clima que permaneceu após as trocas seja de incerteza quanto ao que está por vir e em que velocidade, embora depois da iniciativa do governador a avaliação predominante no governo seja a de que ele dará prosseguimento às mudanças até o ano de sua sucessão, em 2026.
Pelo que se sabe, as substituições de agora responderam à exigência de Jerônimo de que os novos titulares atendam melhor às expectativas gerais em suas respectivas posições, o que, pelo que se divulga, na avaliação pessoal do gestor, não vinha acontecendo. A situação só não se aplica ao ex-diretor-geral do Detran, Rodrigo Pimentel, que na prática foi promovido à condição de secretário estadual de Administração, no lugar de Edelvino Góes, sobre o qual já se faziam críticas desde o governo anterior, de Rui Costa, as quais, ao que parece, o auxiliar não deve ter conseguido superar no período em que atuou sob Jerônimo.
Com as substituições, Jerônimo também assume mais protagonismo na própria gestão, uma dificuldade que enfrenta desde o princípio, dadas as condições confusas em que foi escolhido candidato, num momento em que praticamente deflagrou-se o conflito no PT entre as suas então duas principais lideranças, o senador Jaques Wagner e o ministro Rui Costa (Casa Civil), sobre o qual pesa até hoje a acusação de que, não fosse a intervenção do antecessor, teria entregue o controle do governo à oposição. De fato, nos oito anos em que governou, Rui não só não foi capaz de preparar um nome para sucedê-lo como parece que nunca se preocupou com o assunto.
Para completar, quando se aproximou a campanha, focou em salvar a própria pele ao planejar concorrer ao Senado, esquecendo-se de que tinha um grupo sob o seu comando que esperava a continuidade do governo sob uma nova liderança. Neste particular, é possível afirmar que o ministro perdeu mais um naco de poder no governo com a saída do Detran de Pimentel, que, neste período, se aproximou e conquistou a confiança de Jerônimo, incomparavelmente mais educado, agradável e fácil de lidar do que o ministro. Com a indicação de Max Passos para o comando do Detran, por sua vez, Jerônimo cumpre um compromisso com a bancada do PP.
Forçados a deixar o governo petista em 2022 para apoiar a candidatura de ACM Neto (União Brasil) por causa do rompimento do então vice-governador João Leão, cacique do PP, com Rui e Wagner, os deputados da legenda, sob a liderança do colega Niltinho, repactuaram o apoio à gestão dois meses depois da posse de Jerônimo, momento em que negociaram a indicação de uma secretaria e um nome de consenso entre eles para o Detran. O fato de quase três anos depois Jerônimo ter cumprido o acordo mostrou não apenas que os parlamentares da legenda têm uma paciência oriental, mas que o governador pode até tardar, mas não falha.
*Artigo do editor Raul Monteiro publicado na Tribuna de hoje.
