Michelle vai à Festa do Peão de Barretos em meio a disputa por votos de Bolsonaro e causa incômodo

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) deve ser a grande estrela da Festa do Peão de Barretos, no interior de São Paulo, na noite deste sábado (23). A informação foi confirmada pelos organizadores do evento. A assessoria de Michelle não respondeu.

O evento é considerado uma poderosa vitrine política para o agronegócio muito antes do surgimento do bolsonarismo.

A aparição de Michelle ocorre no momento em que cresce a disputa pelo espólio político de Jair Bolsonaro, que está em prisão domiciliar desde 4 de agosto por ordem do ministro Alexandre de Moraes, com restrições de visitas e de comunicação. E causou incômodo em aliados de Tarcísio de Moraes.

A família Bolsonaro tenta conter a disputa já escancarada pelo espólio político do ex-presidente. Governadores de estados como SP, Minas Gerais, Goiás e Paraná, apontados como pré-candidatos à Presidência, e já foram chamados de "ratos" pelos filhos de Bolsonaro, Carlos e Eduardo.

Dentro da própria família há disputa, e Michelle aparece como o nome com maiores chances de vencer uma disputa contra Lula em 2026. De acordo com pesquisa do instituto Datafolha divulgada no começo do mês, ela tem desempenho melhor que o dos filhos do ex-presidente no confronto com o petista.

Michelle apareceu com 24% dos votos, contra 39% de Lula. Já Eduardo Bolsonaro teve 20% da preferência. Na pesquisa Quaest divulgada na quinta (21), a ex-primeira-dama lidera entre os eleitores bolsonaristas, com 36%. Tarcísio de Freitas aparece com 15% e Eduardo, com 10%.

Em julho, Jair Bolsonaro anunciou que Michelle será candidata ao Senado pelo Distrito Federal em 2026. Mas, com o agravamento da situação judicial do ex-presidente, o nome da ex-primeira-dama passou a ser de novo considerado para a disputa presidencial.

Michelle adotou também um discurso agressivo contra Lula. Em evento do PL na semana passada, em Natal (RN), ela chamou o presidente de "pinguço" e disse que votar mais de uma vez no PT é "burrice política".

A sua candidatura, no entanto, não é unanimidade na direita. Parte do Centrão vê Tarcísio como a ponte ideal com o eleitorado conservador. Outros defendem Eduardo Bolsonaro como herdeiro do discurso mais duro do pai. Já uma terceira ala avalia que Michelle tem menor rejeição e maior potencial para ampliar a base bolsonarista.