Hugo Motta retoma chefia da Câmara de bolsonaristas após tentar por 6 minutos
Por Ranier Bragon/Carolina Linhares/Raphael Di Cunto/Folhapress
06/08/2025 às 23:13
Atualizado em 06/08/2025 às 23:14
Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados/Arquivo

O deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) conseguiu voltar à mesa da presidência da Câmara às 22h21 desta quarta-feira (6), após uma longa negociação com a oposição mediada por seu antecessor, Arthur Lira (PP-AL).
Motta saiu de seu gabinete, que fica ao lado do plenário, e demorou mais de seis minutos para atravessar o mar de deputados bolsonaristas que ocuparam a Mesa da Câmara desde esta terça-feira em protesto contra a decretação da prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Ele chegou a andar de volta ao gabinete após chegar perto da cadeira e ela não ser cedida pelo deputado Marcel van Hattem (Novo-RS). Após muita conversa e empurra-empurra, ele foi praticamente arrastado de volta para a cadeira pelo deputado Isnaldo Bulhões Jr. (AL), líder da bancada do MDB.
Tanto Motta como o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), passaram o dia em reunião com o PL e com os demais partidos na tentativa de um acordo para desocupação dos plenários de votações, mas até às 20h o entendimento não havia sido alcançado.
Os encontros foram realizados nas residências oficiais dos presidentes da Câmara e do Senado, no Lago Sul, região nobre de Brasília.
Motta anunciou que abriria a sessão de votação no plenário da Casa às 20h30, mas as negociações emperraram. Ele chegou a ameaçar os bolsonaristas de suspensão do mandato por seis meses, mas, ao final, adotou um tom conciliador, no sentido de "resgatar a respeitabilidade da Casa".
"[É preciso] não deixarmos que projetos individuais possam estar a frente daquilo que é maior do que todos nós, que é nosso povo. (...) O país precisa estar em primeiro lugar. (...) O que aconteceu nessa casa não foi bom, não foi condizente com nossa história", afirmou, após sentar de volta na cadeira de presidente da Casa.
Ele também afirmou que a oposição tem todo direito de se manifestar, mas que isso tem que ser feito obedecendo nosso regimento e nossa Constituição. "O que aconteceu ontem e hoje não pode ser maior do que o plenário".
Parlamentares da oposição ocuparam as mesas dos plenários da Câmara e Senado nesta terça-feira, impedindo a realização de sessões. Em esquema de revezamento, eles passaram a madrugada no local, que foi isolado pela polícia legislativa, com permissão de entrada apenas de parlamentares.
Além da anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, e da volta da elegibilidade de Bolsonaro, a bancada do PL quer a aprovação pelo Senado do impeachment de Alexandre de Moraes e a aprovação de projetos que representam amarras à atuação do STF, principalmente em relação a investigação e processos contra parlamentares.
