Cota anual de importação da BYD supera investimento
Por Julio Wiziack/Folhapress
30/07/2025 às 11:36
Foto: Reprodução/Instagram/Arquivo

A chinesa BYD pediu que a Camex (Câmara de Comércio Exterior) autorize uma cota anual de importação que supera US$ 2 bilhões (R$ 11,2 bilhões) caso não seja aprovada uma alíquota de 10% nesta quarta (30).
A cota solicitada representa mais do que o dobro do investimento anunciado pela montadora em sua fábrica (R$ 5,5 bilhões) e 59% dos recursos previstos para cinco anos do Mover, programa federal de estímulo a carros híbridos a combustão menos poluentes.
Representantes na Camex afirmam que esse pedido não tem chances de prosperar e houve uma proposta alternativa de colocar em votação na reunião uma cota de US$ 1 bilhão e outra "bem abaixo" desse valor, a ser definida em debate no colegiado.
No momento, a maioria da Camex é contrária ao pleito da montadora chinesa, que, na avaliação dos representantes, pode levar a indústria automobilística a uma onda de judicialização.
No entanto, consideram que isso pode mudar caso o presidente Lula interfira em favor da BYD, considerando os efeitos do tarifaço dos EUA.
A China tem se mostrado como um aliado estratégico importante no reposicionamento de exportações brasileiras.
No centro dessa discussão estão os interesses das montadoras tradicionais, representadas pela Anfavea (Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores), que afirmam realizar investimentos para a fabricação completa de veículos no país.
Para elas, a alíquota mais baixa de importação de partes e peças de veículos pela BYD abre caminho para que outras montadoras entrem no Brasil com o mesmo modelo, o que prejudica um setor que nacionalizou a produção, empregando muito mais trabalhadores.
Em entrevista ao Painel S.A., o vice-presidente sênior da BYD, Alexandre Baldy, afirmou que a fabricante já investiu R$ 2 bilhões [de um total de R4 5,5 bilhões] em sua fábrica, em Camaçari (BA), e que há um contrato com o governo da Bahia –que concedeu incentivos fiscais– para que os veículos contem com 70% de componentes nacionais até 2028.
Baldy afirmou que todas as montadoras que chegaram ao Brasil começaram com o regime de montagem até chegarem no patamar máximo de nacionalização dos carros.
