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Apesar de pressão da Petrobras, simulado da Foz do Amazonas não deve acontecer em julho
Apesar de pressão da Petrobras, simulado da Foz do Amazonas não deve acontecer em julho
Por João Gabriel/Nicola Pamplona/Folhapress
11/07/2025 às 21:15
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil/Arquivo

A Petrobras pressiona para que o simulado da perfuração do primeiro poço em águas profundas na Foz do Amazonas aconteça na próxima semana, mas a expectativa no Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) é de que o exercício não ocorra antes de agosto.
Nos últimos dias, em uma etapa prévia ao simulado, técnicos do instituto realizaram vistoria das embarcações de resposta a vazamentos, de resgate de animais e também da nova base para cuidar da fauna impactada, construída pela estatal no Oiapoque (AP).
A estatal propôs em carta ao Ibama que o simulado, chamado de APO (avaliação pré-operacional) ocorresse na semana de 14 de julho, mas pessoas que acompanham o tema de perto dizem que o instituto dará início na próxima semana ao planejamento da atividade.
Nesta etapa, definirão o roteiro da simulação e quais critérios serão avaliados, por exemplo. A expectativa é que esse trabalho leve algumas semanas e, por isso, o simulado não deve acontecer neste mês de julho. Procurado pela reportagem, o Ibama disse apenas que "ainda não há data definida para a realização da APO".
A Petrobras corre contra o tempo para conseguir iniciar a perfuração na Foz do Amazonas, uma vez que seu contrato para usar o navio-sonda acaba em outubro e ela precisaria, em tese, terminar a operação até lá.
Atualmente, a embarcação está atracada em frente a Belém, à espera da autorização do Ibama para se deslocar para a área do poço. Ela saiu do Rio de Janeiro no início de junho, após ser vistoriada pelo Ibama, e está há cerca de uma semana parada no litoral paraense.
O simulado é considerado pela estatal a última etapa do processo de licenciamento do poço, que, se bem-sucedido, pode representar a abertura de uma nova fronteira petrolífera na região Norte. O simulado tem como objetivo avaliar os planos de emergência e de proteção da fauna em caso de acidente.
A preocupação é intensificada por se tratar do primeiro poço em uma região com condições ambientais diferentes das encontradas nas bacias de Campos e Santos, onde está a maior parte das reservas brasileiras, e pela grande profundidade.
A Petrobras diz que usará no poço "a maior estrutura de resposta a emergências para perfuração exploratória já utilizada pela companhia", com tecnologias que "buscam garantir maior precisão, qualidade, produtividade e especialmente segurança nas operações".
Em fevereiro, técnicos do Ibama emitiram parecer contrário à licença ambiental, pedindo arquivamento do processo sob o argumento de que o plano da Petrobras "não apresenta possibilidade de resgate de inúmeros grupos e espécies da megafauna, incluindo aquelas ameaçadas de extinção".
Em maio, porém, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, desconsiderou essa conclusão e autorizou o simulado usando um parecer alternativo. Esta semana, técnicos do Ibama estiveram em Belém e Oiapoque para vistoriar embarcações e instalações.
