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Preços dos hotéis e de imóveis em Belém despencam na reta final para o início da COP30
Preços dos hotéis e de imóveis em Belém despencam na reta final para o início da COP30
Redução no valor de diárias chega a mais de 60%, segundo associação de hotelaria no Pará
Por Augusto Pinheiro/Folhapress
27/10/2025 às 20:45
Atualizado em 28/10/2025 às 00:01
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil/Arquivo
Rio Guamá e a cidade de Belém ao fundo
Na reta final para a COP30, conferência do clima da ONU que começa em 10 de novembro em Belém, os valores das diárias de hotéis e do aluguel de imóveis sofreram uma grande redução, que pode chegar a mais de 60%, de acordo com a Abih-PA (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Pará), o Creci-PA (Conselho dos Corretores de Imóveis do Pará) e a plataforma AirbnB.
"Com a proximidade do evento, há um fenômeno que acontece em todas as grandes feiras mundiais. Os hotéis que não conseguiram realizar reservas pelo valor que desejavam começaram a fazer reduções. E, quanto mais afastado é o hotel do local do evento, maior é a redução, chegando a 50%", afirma Tony Santiago, presidente da ABIH-PA.
"Já os mais próximos ao centro tiveram uma diminuição de cerca de 30%", completa.
Ele destaca que os hotéis da associação têm 96% de ocupação para o período da COP30 e que "agora é a hora propícia para conseguir as hospedagens de última hora".
Maria Luísa Carneiro, presidente do Creci-PA, diz que o preço da maioria dos imóveis caiu mais de 60%. "Há uma grande quantidade de imóveis sendo ofertados para a COP30 e a demanda diminuiu sobremaneira", avalia. Apenas na plataforma oficial de hospedagem para a conferência, há mais de 5.000 imóveis disponíveis.
Para ela, "a sanha desenfreada de colocar os imóveis a preços estratosféricos deu lugar a uma grande decepção por parte dos proprietários, que hoje caíram na real e aceitam valores menores".
"Diariamente sou procurada por corretores me oferecendo suas carteiras de imóveis para aluguel na COP30", relata.
Maria Luísa conta ainda que "uma corretora confidenciou que está com quase 200 imóveis para alugar com diárias na faixa de US$ 100 a US$ 300 e não há procura".
Em nota ao jornal Folha de S.Paulo, a plataforma Airbnb, de aluguel por temporada, diz que registrou em outubro uma queda de 40% no preço médio de acomodações para o período da COP30 na comparação com fevereiro de 2025.
A corretora paraense Giselle Robledo, que atende 14 embaixadas, diz que já reduziu em cerca de 50% o valor do aluguel dos imóveis. "Para os apartamentos que tinham diária de R$ 10 mil, chegamos a R$ 5.000 e ainda assim não estão sendo alugados", conta. Ela estima que as embaixadas tenham reduzido o número de participantes em 30%.
A situação é tão crítica que a corretora enviou um texto para as embaixadas avisando a possibilidade de redução dos valores. "Eu tenho 150 imóveis que ainda não aluguei, que estão na plataforma do governo. E há mais de 5.000 imóveis disponíveis no site, sendo que, às vésperas da última COP, havia menos de dez", calcula.
Segundo ela, os valores na plataforma oficial "caíram muito". "Inclusive agora, antes de falar com você, eu estava baixando o preço de muitos imóveis no site. As pessoas têm diminuído, no mínimo, 30%".
Já Joaquim Mendes, diretor comercial da Marlene Felippe Imobiliária, opina que "mais do que uma redução, há uma adequação a valores palpáveis e reais".
"A questão é que, desde o anúncio da COP, algumas pessoas venderam que a conferência resolveria os problemas financeiros das pessoas com uma locação de dez ou 15 dias. Então, no início, houve uma boa parcela do mercado trabalhando com valores exorbitantes", diz.
Reforma para alugar
Uma engenheira civil de Belém, que prefere não se identificar, está tendo dificuldade em alugar seu apartamento de três quartos, no bairro Batista Campos, região central de Belém.
Ela começou cobrando, em agosto, R$ 5.000 a diária, no AirbnB. Por não ter conseguido interessados, baixou para R$ 3.200, também sem sucesso. No último sábado (25), uma ONG ofereceu pagar US$ 4.500 (cerca de R$ 24.200) por 15 dias, cerca de R$ 1.613 por noite
Ela considera fechar a proposta, por estar "em desespero", segundo diz. A engenheira reformou o imóvel, onde antes morava um inquilino fixo, para alugá-lo por temporada, pensando não apenas na COP30.
Ela calcula ter gasto R$ 15 mil na reforma, que envolveu marcenaria, pintura, decoração, compra de aparelhos de TV e frigobars, além de roupas de cama e travesseiros.
Já a empresária e contadora Andrelina Lima, que mora na Alemanha, reformou uma chácara que alugava para retiros espirituais em Benevides, na região metropolitana de Belém.
"Eu fiz para colocar no Airbnb, mas serviu para a COP", conta.
Ela começou pedindo R$ 280 mil por 15 dias (R$ 18.600 aproximadamente a diária). O local comporta até 70 pessoas em 35 beliches, divididos em dez quartos. A chácara conta com sete banheiros, uma cozinha industrial e piscina.
"Uma ONG ambientalista se interessou pelo local, mas achou o valor muito caro. Eles chegaram a encontrar uma casa por R$ 24 mil, mas era pequena, e eles queriam ficar todos juntos. Então, depois de um tempo, não apareceu ninguém mais interessado e comecei a negociar com a organização e baixei o valor para R$ 92 mil, e eles fecharam comigo", explica. Cerca de 40 pessoas devem se hospedar no lugar.
Andrelina revela que gastou de R$ 40 mil a R$ 50 mil na reforma. "Mandei fazer os beliches, comprei colchões novos. Fiz a pintura, arrumei a parte elétrica e a iluminação externa. Coloquei elementos amazônicos na decoração, arrumei a área da piscina e coloquei uma cisterna. Também melhorei os banheiros."
Ela considera, ainda que o preço tenha baixado, que a obra foi um investimento também para o pós-COP30. "Agora a chácara tem mais qualidade, e eu quero começar a alugar para um público diferenciado. Então realmente foi uma grande oportunidade para mim", avalia.
