Radar do Poder: A vitória de Rotondano e a futura sucessão na Corte, o vexame de D. Ivone e as cobranças a Jerônimo

Rotondano ganha

A eleição, esta manhã, do desembargador José Rotondando à presidência do Tribunal de Justiça do Estado para o biênio 2026/28 firma a liderança do seu grupo no comando da Corte, dando visibilidade, com dois anos de antecedência, a quem deve ser apresentado por ele para sucedê-lo daqui a dois anos.

... e sucessão no TJ se abre

Há consenso, por exemplo, de que, no primeiro teste eleitoral de que participou, a desembargadora Lourdes Medauar fracassou, ao perder a disputa pelo cargo de Corregedora para o colega Salomão Resedá, da chapa adversária do desembargador Jatahy Jr., o que sepultou as chances dela de tentar suceder 'Roto'.

Futuro na Corte

Com a perda de força de Medauar, quem se sobressai no grupo para a sucessão de Rotondano é o atual presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), desembargador Abelardo da Mata. Outro nome que se apresenta é o de Mário Albiani Jr., eleito à 2ª vice-presidência com o maior número de votos do pleito.

Líder da oposição

Por ser mais jovem do que Abelardo, no entanto, o mais provável é que Albiani abra espaço para o colega, pacificando as relações no grupo até a próxima eleição. Por outro lado, quem assume naturalmente o posto de chefe do grupo de oposição à futura gestão é Jatahy Jr., que concorreu com Rotondano.

Desânimo em alta

Deputados da base governista estão desanimados com o ritmo da gestão de Jerônimo Rodrigues (PT). No trato político, dizem que tudo vai bem, mas na prática, o governo não anda. Obras prometidas seguem paradas, convênios travados, e a sensação é de que o caixa está mais apertado do que se admite.

Cobrança geral

Jerônimo iniciou uma nova rodada de reuniões com as bancadas estaduais de partidos da base. Já esteve com o PSD, PV, PP, PSB e a federação PRD/Solidariedade. Em todos os encontros, seja com velhos ou novos aliados, escutou a mesma reclamação: falta obra, falta entrega, falta agenda concreta.

Empréstimos

O governo já recebeu autorização da Assembleia para contrair R$ 23 bilhões em empréstimos, mas pouco se vê no interior. Líderes têm aconselhado o secretário de Relações Institucionais, Adolpho Loyola (PT), a pedir ao governador que viaje menos e sente mais na cadeira para destravar as ações. 

Efeito psicológico

A migração de deputados estaduais da base para a oposição, embora minimizada publicamente por emissários do governo, tem causado um efeito psicológico negativo evidente no grupo governista. A ida de Cafu Barreto (PSD) foi a mais sentida.

E Coronel?

Aliados interpretaram o gesto de Cafu como um possível prenúncio de que o senador Angelo Coronel (PSD), aliado político do deputado, pode de fato seguir caminho semelhante caso fique fora da chapa de Jerônimo. Paralelamente, cresce a articulação para que o deputado Raimundinho da JR (PL) também desembarque na oposição.

Velha estrela

Outro que deixou a base de Jerônimo foi o deputado Nelson Leal (PP), agora integrado ao núcleo político de ACM Neto (União), mesmo não disputando a reeleição. Tem frequentado o escritório do ex-prefeito em Ondina, orientando coordenadores e indicando lideranças que podem ser conquistadas pela oposição.

Acendeu

Trabalha, inclusive, a adesão de ex-prefeitos aliados, apesar de os atuais gestores ainda permanecerem com o governo. Na coletiva de Cafu, ontem, o líder da oposição, Tiago Correia (PSDB), chegou a brincar que Nelson virou “uma estrela”, em contraste com o tratamento que recebia do outro lado. 

Quinho em movimento

O ex-prefeito de Belo Campo e ex-presidente da UPB Quinho Tigre (PSD) visitou na semana passada o escritório político de ACM Neto e a conversa foi considerada “excelente”. Descontente com o governo, Quinho, que mira uma cadeira na Assembleia em 2026, sinalizou a possibilidade de migrar para a oposição.

Se valorizando

Outros, porém, avaliam que o gesto serviu apenas para que o próprio elevasse o cacife político, já que logo depois foi procurado por Jerônimo e, ontem, chamado para uma reunião com o senador Otto Alencar (PSD). 

Jogo duplo

A ida de Quinho a ACM Neto gerou mais interpretação do que certezas. Muito ligado ao ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), o ex-prefeito de Belo Campo foi visto não apenas como alguém insatisfeito com o governo, mas como instrumento de um possível recado do ex-governador a Jerônimo.

Susto

A leitura é que Rui quis “dar um susto” no Palácio de Ondina, num momento em que críticas internas e migrações para a oposição já assombram. O ministro, que disputa espaço na chapa majoritária de 2026, estaria apenas lembrando que está vivo e forte no jogo, seja para o Senado, seja para o Palácio de Ondina. 

Pressão socialista

Não foi por acaso que Jerônimo recebeu, no mesmo dia, e em horários distintos, as bancadas estaduais do PP e do PSB. Os encontros ocorreram na quinta-feira passada e tiveram um objetivo claro: sondar como andam as conversas para que os pepistas Niltinho, Eduardo Salles, Hassan Iossef e Antonio Henrique Júnior migrem para o ninho socialista.

Herdeira de Otto

Em conversa com a coluna, Otto Alencar garantiu que não tem feito nenhum movimento para que a filha Isadora Alencar entre na política. "Ela é empresária, tem uma startup na área de reciclagem, e deve continuar na iniciativa privada", declarou. Nos bastidores, no entanto, o nome da herdeira tem circulado fortemente como possível candidata a deputada federal caso o Otto Filho (PSD) assuma de fato a cadeira no Tribunal de Contas do Estado (TCE) que pertencia ao conselheiro aposentado Antônio Honorato. No último final de semana, o Política Livre mostrou que Isadora já estreou em um palanque político. 

Expectativa crescente

Na base de Jerônimo Rodrigues, a torcida é para que o governador anuncie logo o nome de Otto Filho para o TCE. O movimento, esperado para ocorrer até janeiro, dois meses antes da abertura da janela partidária, pode reconfigurar lideranças e votos no interior, já que a ida do deputado ao tribunal deve deixar alguns redutos “soltos” para rearranjos internos. Parlamentares aliados do Executivo estadual acompanham a disputa como quem olha para o relógio: cada dia de atraso dificulta a costura dos acordos que precisam ser fechados até março.

Pitacos

*A assessoria de Jerônimo Rodrigues precisa orientá-lo melhor a responder sobre adesões de aliados a ACM Neto. Do jeito que o governador tem conversado com a imprensa a respeito do tema, parece que é sempre o último a saber das coisas. 

*Com 27 anos na Assembleia e decidido a não concorrer em 2026, Nelson Leal já intermediou ou negociou o apoio dos prefeitos a quem é ligado a outros colegas, sobretudo Adolfo Menezes (PSD), Ivana Bastos (PSD) e Sandro Régis (União). 

*Experiente oposicionista, Sandro Régis brincou com o ingresso de aliados do governo ao bloco de ACM Neto. “Aqui as portas e os corações estão sempre abertos para quem deseja sair do lado escuro da força. E sem ciumeira”. 
 

*Depois de “namorar” Jerônimo, o prefeito de Luis Eduardo Magalhães, Júnior Marabá (PP), passou a sinalizar em entrevistas que vai buscar uma reaproximação com ACM Neto. Como diz o lema de uma rádio conhecida, “em um segundo, tudo pode mudar”. 

*O governador vai a Ituaçu, na Chapada, nesta sexta (21) para entregar obras. A cidade foi uma das que Jerônimo se posicionou contra uma candidatura a prefeito petista em 2024 a pedido de Lucas Reis (PT), chefe de gabinete do senador Jaques Wagner (PT). 

*Lucas, que é pré-candidato a deputado federal, estará no palanque ao lado de Jerônimo. Segundo o prefeito de Ituaçu, Phellipe Brito (PSD), será o mais votado para a Câmara no ano que vem.

*O vereador de Salvador Sidninho (PP) voltou a mostrar que troca de palanque com a mesma facilidade com que troca de camisa. Até a semana passada, estava fechado com o ex-prefeito de Euclides da Cunha Luciano Pinheiro (PDT) para deputado estadual.

*De repente, rompeu o combinado e selou um novo acordo, agora com o deputado estadual Marcelinho Veiga (União), que tentará a reeleição. Nos bastidores, a piada é que o próximo passo depende apenas de qual será a melhor proposta no balcão.

*Quem deu um verdadeiro vexame na eleição do TJ foi a desembargadora Ivone Bessa, que teve apenas quatro votos. Como já sabia que a candidatura era uma piada, esta coluna e o site nunca a registraram.

*Como não apoiou de cara Rotondano, tentando jogar a eleição para o segundo turno a fim de negociar posições no Judiciário com ele, os próximos dias de dona Ivone no Tribunal têm tudo para não ser fáceis.