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Aliança recém-firmada do centrão articulou com oposição derrota do governo na CPI do INSS
Aliança recém-firmada do centrão articulou com oposição derrota do governo na CPI do INSS
Por Raphael Di Cunto, Thaísa Oliveira e Ranier Bragon, Folhapress
20/08/2025 às 18:01
Atualizado em 20/08/2025 às 18:15
Foto: Reprodução Progressistas/Flickr/Arquivo

A recém-formada federação entre PP e União Brasil atuou diretamente para derrotar o governo Lula (PT) no Congresso e entregar para a oposição o comando da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), que investigará desvios em aposentadorias e pensões.
De acordo com quatro parlamentares, a costura foi liderada pelos presidentes do PP, senador Ciro Nogueira (PI), e do União Brasil, Antonio Rueda, ao longo da terça-feira (19).
Os dois partidos comandam quatro ministérios, a Caixa Econômica Federal e outras estatais, apesar de seus presidentes se declararem oposição ao governo.
Inicialmente, o presidente da CPI seria o senador Omar Aziz (PSD-AM), com o deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO) de relator. O primeiro nome foi escolhido pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), enquanto o segundo é aliado do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
A oposição, no entanto, passou a criticar as escolhas, por eles não terem assinado o requerimento de instalação da CPMI e por voltarem frequentemente com o governo. Eles procuraram os líderes da federação em busca de um acordo. A aliança entre PP e União Brasil foi formalizada nesta terça, para disputar as próximas eleições e construir uma candidatura mais forte da direita.
Um jantar foi realizado entre integrantes da oposição e Ciro Nogueira –que deixou o encontro com governadores de direita para participar desse compromisso.
Paralelamente, o líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), se encontrou com o senador Carlos Viana (Pode-MG) para organizar o motim contra as indicações da cúpula do Congresso.
Ficou decidido que União Brasil e PP votariam em Viana para presidir a CPMI, e que este indicaria o deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL) como relator.
Gaspar foi comunicado na manhã desta quarta-feira (20) por Rueda e pelo líder do União Brasil na Câmara, deputado Pedro Lucas Fernandes (MA), que poderia ficar com a vaga, e que por isso deveria votar em Viana para a presidência.
O placar acabou em 17 votos para a oposição contra 14 da base do governo e parte do centrão.
Integrantes do União Brasil e do PP dizem que não fizeram parte do acordo costurado por Motta e por Alcolumbre para o comando da CPI, e por isso atuaram para obter protagonismo para seus próprios partidos e para evitar que a investigação protegesse o governo Lula. Eles refutam que tenham derrotado os presidentes da Câmara e do Senado, e dizem que o grande perdedor foi o petista.
Esse cenário aponta também para dificuldades do governo na continuidade da CPI, já que dois importantes partidos para atingir a maioria dos votos na comissão se posicionaram junto com a oposição.
Líder do União Brasil, Pedro Lucas Fernandes minimiza a mudança e diz que Gaspar foi orientado pelo partido para fazer uma relatoria técnica, centrada em buscar os culpados pelo rombo nas aposentadorias e pensões. "A mira não é o governo. A investigação será técnica, para proteger os aposentados", afirma.
Procurados, Ciro Nogueira e Rueda não responderam até a publicação desta reportagem.
