Home
/
Noticias
/
Mundo
/
Brasil afirma que há 'alegações críveis de genocídio' na Faixa de Gaza em conferência da ONU
Brasil afirma que há 'alegações críveis de genocídio' na Faixa de Gaza em conferência da ONU
Por Folhapress
28/07/2025 às 17:00
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil/Arquivo

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, afirmou na conferência sobre a solução de dois Estados da ONU que é preciso aplicar o direito internacional contra as "alegações críveis de genocídio" na Faixa de Gaza.
A reunião começou nesta segunda-feira (28), liderada pela França e Arábia Saudita. "Quando confrontadas com alegações críveis de genocídio, invocar o direito internacional não é suficiente, temos que aplicá-lo com determinação", afirmou o chanceler brasileiro em seu primeiro discurso.
A conferência "A Solução Pacífica da Questão da Palestina e a Implementação da Solução dos Dois Estados" procura promover reflexões e determinar próximos passos concretos para a resolução do conflito no Oriente Médio.
"Somente uma solução política de dois Estados pode atender às aspirações legítimas de israelenses e palestinos de viver em paz e segurança. Não há alternativa", declarou o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot, que pediu "medidas concretas" para preservar a perspectiva de um Estado palestino viável.
Após o anúncio do presidente francês, Emmanuel Macron, na última quinta-feira, de que seu país reconhecerá oficialmente o Estado palestino em setembro, a conferência convocada pela Assembleia Geral da ONU espera revitalizar essa proposta.
A exemplo da Espanha, a França busca convencer outras grandes potências, como o Reino Unido, a dar esse passo. No entanto, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, reiterou na sexta que o reconhecimento deve "fazer parte de um plano mais abrangente". Por sua vez, a Alemanha não considera isso "a curto prazo".
"Todos os Estados têm a responsabilidade de agir agora", insistiu o primeiro-ministro palestino, Mohammad Mustafa, que expressou sua disposição de autorizar o envio de uma força internacional para proteger a população palestina.
De acordo com uma contagem da agência de notícias AFP, pelo menos 142 dos 193 Estados-membros da ONU reconhecem o Estado Palestino proclamado pela liderança palestina no exílio em 1988.
Em 1947, uma resolução da Assembleia Geral da ONU decidiu dividir a Palestina em dois Estados independentes, um judeu e um árabe. No ano seguinte, o Estado de Israel foi proclamado. Por décadas, a grande maioria dos membros da ONU apoiou a solução de dois Estados: israelense e palestino.
No entanto, após mais de 21 meses de guerra em Gaza, a expansão dos assentamentos israelenses na Cisjordânia e as intenções das autoridades israelenses de anexar esse território ocupado, crescem os temores de que a criação de um Estado Palestino seja impossível.
Nem Israel nem os Estados Unidos participam da conferência em Nova York. O governo de Donald Trump afirmou, em nota, que "longe de promover a paz, a conferência prolongará a guerra, encorajará o Hamas, recompensará sua obstrução e minará os esforços reais para alcançar a paz".
"Um Estado palestino independente é a chave para a paz na região", argumentou o Ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, príncipe Faisal bin Farhan al Saud, na abertura da conferência.
Mas "a solução de dois Estados está mais distante do que nunca", alertou o secretário-geral da ONU, António Guterres. "Sejamos claros: a anexação silenciosa da Cisjordânia é ilegal e deve parar. A destruição em larga escala de Gaza é intolerável e deve parar", insistiu, denunciando ações "unilaterais" que poderiam "minar para sempre" a solução de dois Estados.
A maioria dos líderes defendeu a criação de dois Estados para resolver o "conflito mais antigo" perante a ONU, como destacou o Ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares. O Estado palestino proposto deve ser composto pela Cisjordânia e Faixa de Gaza.
A conferência tem como objetivo principal a reforma da governança da Autoridade Palestina, o desarmamento do Hamas e sua exclusão do governo palestino e, por fim, a normalização das relações com Israel pelos Estados árabes que ainda não o fizeram.
Para o embaixador israelense Danny Danon, a reunião "não promove uma solução, mas sim aprofunda a ilusão". Ele acusou os organizadores e participantes de "estarem desconectados da realidade", já que, segundo ele, "o reinado de terror do Hamas precisa ser desmantelado".
No entanto, a pressão internacional sobre Israel para pôr fim à guerra em Gaza, desencadeada pelos ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023, continua a se intensificar diante das imagens de fome que emergem do território devastado de Gaza. Duas ONGs israelenses acusaram Israel de perpetrar genocídio na região palestina.
Nesse contexto, "mais banalidades sobre a solução de dois Estados e o processo de paz não ajudarão a atingir os objetivos da conferência nem a impedir o extermínio de palestinos em Gaza", disse o ex-ministro das Relações Exteriores da Costa Rica, Bruno Stagno, da Human Rights Watch, instando os governos a tomarem medidas concretas contra Israel, incluindo sanções específicas, um embargo de armas e a suspensão de acordos comerciais.
