21 de março de 2011 | 16:23

Ato de criação do PSD fortalece Otto para 2014; Wagner estaria por trás do partido, dizem petistas

Otto Alencar pode ficar ainda mais forte

Depois do evento de ontem, em que o vice-governador do Estado, Otto Alencar (PP), reuniu cerca de 600 pessoas no lançamento da “pedra fundamental” do PSD na Bahia, com a presença do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), formulador nacional do novo partido, o PT do governador Jaques Wagner quedou-se em preocupações. Para petistas mais “conservadores”, o movimento de Otto pela fundação de uma nova agremiação no Estado vai acabar colocando-o na dianteira das tratativas para a sucessão do governador, em 2014, pleito para o qual o PT tem pelo menos quatro candidatos mais ou menos declarados.

Porém, a razão maior das preocupações dos petistas não está no vice e sim no próprio Wagner. Parte deles está convencida de que o governador é o principal padrinho da criação do novo partido na Bahia, sob o singelo argumento de que prepara uma legenda para a qual possa encaminhar os apoiadores do governo que não têm, por motivos políticos ou eleitorais, como se filiar ao próprio PT. Para os petistas, não deve ser por acaso que, entre todos os Estados da Federação, inclusive São Paulo, o PSD começa com mais força na Bahia. “É evidente que a formação deste novo partido aqui na Bahia conta com o apoio irrestrito do governador Jaques Wagner”, afirma um deles.

Mas  a preocupação apenas começa aí. Tem petista convencido de que Wagner pode querer usar o PSD para emparedar o próprio PT no momento em que quiser escolher o candidato à sua sucessão no governo baiano em 2014. “Wagner sabe que, diferentemente de agora, em 2014 deve ter mais dificuldades para impor seu candidato ao governo no PT, principalmente porque o número de nomes já é grande e pode crescer ainda mais no partido. Daí que precisa de um outro partido para emparedar os petistas”, analisam alguns petistas especulando sobre quais são os planos do governador para sua própria sucessão.

Uma parte ainda não acredita que antes do final do mandato Wagner vá deixar o governo para concorrer ao Senado, o que o obrigaria a entregar o comando do Estado a Otto a fim de cumprir o prazo de desincompatibilização. Neste caso, com o governo nas mãos, Otto dificilmente abriria mão de disputar a reeleição, alijando de cara o PT da corrida sucessória. A hipótese é vista como “entreguista” demais por grande parte dos “companheiros” do governador para que seja considerada como a mais provável. Eles preferem acreditar numa idéia um pouco diferente.

Seria aquela em que Wagner fica no governo até o fim, arma a candidatura de Otto ao Senado e monta uma outra chapa à sua sucessão tirando o candidato ao governo (e o vice) de sua cartola, que, neste caso, também priorizaria um nome do próprio PT. Para poder executar a operação frente a um partido problemático em processos decisórios como o PT, entretanto, o governador precisaria buscar forças numa outra legenda de caráter auxiliar como seus amigos acreditam que ele vê o PSD. Por enquanto, longe da sucessão, o novo partido cumpriria um papel importante.

Dando gás à nova legenda, Wagner pode evitar que o PP do ministro Mário Negromonte (Cidades) e João Leão, futuro chefe da Casa Civil do prefeito João Henrique (PP), jogue solto no campo político do governo e busque engolí-lo como tentou o PMDB do ex-ministro Geddel Vieira Lima.  No futuro, entretanto, o papel maior do PSD, na visão dos petistas, seria ajudar o governador a fazer uma espécie de “chantagem” com o PT de forma a conseguir escolher o candidato, em seu próprio partido, que considerar melhor à sua sucessão.

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