17 de janeiro de 2011 | 21:18

EXCLUSIVO: César Nunes teria perdido no campo “relacional”, dizem fontes do governo

Considerada a surpresa do atrasado e incompleto anúncio do secretariado do governador Jaques Wagner – até seu colega de Sergipe, Marcelo Déda (PT), acusou o baiano de demora nas mudanças – a substituição do delegado César Nunes por um auxiliar dele, Maurício Telles, no comando da secretaria estadual de Segurança Pública foi decidida hoje à tarde pessoalmente pelo primeiro mandatário do Estado.

Até ontem à noite, quem se entrevistou com o governador não ouviu dele palavra sobre qualquer alteração na SSP, afora indicações de que poderia mudar aqui e ali, em outros campos do governo. O que se passou neste curto período ninguém imagina, mas é voz corrente que Wagner quer dar um recado à sociedade com a troca de comando na SSP, a terceira em pouco mais de quatro anos de governo.

A principal deles é a de que reconhece que a situação da violência na Bahia piorou e que vai tentar enfrentá-la agora de uma nova forma. Entre auxiliares do governador, Wagner teria deixado indicações muito sutis de que não estava contente com a atuação da pasta no seu discurso de posse na Assembleia. Na mesma solenidade, a chefe da Casa Civil, Eva Chiavon, figura de sua máxima confiança, nomeou vários secretários, mas “esqueceu-se” de Nunes.

Sinais à parte, há convencimento no grupo do governador de que, apesar do empenho com que se envolveu na tarefas de secretário, atributo que não pode ser atribuído, por exemplo, ao seu antecessor, Nunes perdeu no campo “relacional”. Seu estilo muito duro teria ficado evidente, inclusive, numa reunião que manteve com o movimento negro e setores religiosos, além de petistas, na presença do governador, por ocasião da agressão de dois PMs a uma ialorixá em Ilhéus, em novembro do ano passado.

No encontro, segundo relatou o Política Livre, com exclusividade, à época, as “lideranças (presentes) foram praticamente unânimes em demonstrar seu descontentamento com a maneira com que questões de racismo e intolerância religiosa eram tratadas pelo aparelho policial baiano”, o que ensejou um pedido praticamente claro ao governador pela substituição do secretário.

O episódio foi retratado pelo site com o sugestivo título “Caso de tortura a ialorixá pode resultar em novos afastamentos”, numa indicação de que, além do desligamento dos dois policiais envolvidos na agressão à ialorixá, novas mudanças poderiam ocorrer na pasta. Três meses se passaram para que a alteração ocorresse e Wagner concluísse que poderia substituir Nunes pelo auxiliar.

Maurício Telles, que chefiou o setor de Inteligência da SSP a convite do próprio Nunes, seria, no dizer de um auxiliar do campo jurídico de Wagner, muito mais tratável do que o ex-chefe, a quem teria exposto, de forma franca e aberta, suas divergências com relação ao modelo de atuação da secretaria. Por conta de sua expertise, teria, inclusive, recebido convite para ser subsecretário de Segurança do Rio de Janeiro.

O texto em que o Política Livre anunciou pela primeira vez o descontentamento no centro do governo com a atuação de César Nunes e a possibilidade de seu afastamento pode ser lido abaixo:

EXCLUSIVO: Caso de tortura a ialorixá pode resultar em novos afastamentos

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