26 de janeiro de 2011 | 15:03

Decepcionado, ex-reitor da UFBA comunica por carta pedido de suspensão do IHAC

Ex-reitor Naomar de Almeida Filho

Por meio de um longo e-mail enviado à comunidade acadêmica do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos (IHAC/UFBA), datada do último dia 16 de janeiro, o ex-reitor da UFBA, Naomar de Almeida Filho informa do seu pedido de suspensão na instituição ao vice-diretor Sérgio Coelho Farias, que substitui, desde o dia 18 deste mês, o professor Albino Rubim, atual secretário estadual de Cultura.

Naomar aponta três razões para a sua decisão: a primeira, objetiva, com a intenção de não se constituir em obstáculo ao destino pretendido para o IHAC pelo corpo político que, neste momento, o constrói; a segunda, subjetiva, relacionada às “reuniões formais e nas interações pessoais do IHAC, a prevalência de uma atitude aguerrida e belicosa, numa atmosfera de hostilidade e conflito tendencial, tanto no que se refere ao processo político interno, quanto na relação com outras unidades, órgãos deliberativos superiores e administração da Universidade”. E a terceira, recorrendo a uma articulação Marx-Freud, seria, “por viés de formação acadêmica e profissional”, a identificação de “uma montagem sintomatológica no coletivo institucional do IHAC” que o teria amedrontado.

Por fim, o ex-reitor confessa estar “decepcionado” com a sequência de eventos que o levaram a tomar a decisão do afastamento e preocupado com os desdobramentos imediatos e de longo prazo dos processos latentes que percebeu no IHAC. “Observei, no discurso de alguns docentes, uma posição de crítica radical, a meu ver desproporcional, frente aos cursos convencionais da universidade e, pior ainda, no que se refere a áreas de concentração mais abertamente transicionais para os CPL”, diz.

Naomar estende suas observações também para o alunado: “notei também que alguns alunos, principalmente lideranças engajadas numa guerra santa de auto-defesa e afirmação identitária, cultivam uma atitude de quase desprezo em relação aos seus colegas que, com o BI, pretendem prosseguir para cursos de progressão linear”.

E ele sentencia: “Apesar de valorizada numa versão postiça do romantismo, a arrogância é contraproducente e injustificada em qualquer sentido”, explicando que, do ponto de vista político, a arrogância leva ao suicídio institucional e, do ponto de vista acadêmico, revela um paradoxo entre o menosprezo e o desconhecimento das matrizes curriculares dos cursos “convencionais”.

O ex-reitor termina sua carta dizendo que “gostaria de continuar colaborando como docente e pesquisador associado do IHAC” e, fazendo referência ao artigo 131 do Regimento Geral, solicita aos Colegiados de Curso e à Congregação da unidade o seu enquadramento como “Professor Credenciado”, o que lhe permitiria “participar de debates, se especificamente convidado, mas não de atos deliberativos nos órgãos colegiados”. Uma decisão que abre espaço para especulações sobre problemas na tradicional parceria Naomar-Rubim dentro da UFBA. (José Lopes)

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