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Radar do Poder: A legítima defesa de Bruno, as baterias de Lídice, o candidato do Palácio e o ensaio de uma nova disputa pelo TCM

radar do poder | 01 maio 2024

Cara amarrada

O prefeito Bruno Reis (União) sabia que, no ato de apoio do PL, nesta terça-feira (30), teria que assumir de público o aval a bandeiras caras aos conservadores. Ele só não esperava que o documento contendo resumidamente as teses defendidas pelo partido tivesse na capa uma foto do ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem não deseja se associar diretamente. Na foto divulgada pelo PL, enquanto o presidente do partido na Bahia sorriu com o documento em mãos, Bruno Reis fechou a cara.

Legítima defesa

No ato, Bruno Reis também leu e comentou o documento contendo compromissos como a defesa da Constituição, das liberdades individuais, da vida desde a concepção, da propriedade privada, do combate às drogas e da redução de impostos, entre outros. Quando citou o item sobre o direito à legítima defesa, o prefeito se fez de desentendido e tratou o tema como a garantia do acesso dos cidadãos à Justiça e não às armas. Antes mesmo de a campanha começar, evitou a polêmica, mostrando que é “safo”.

Pais da criança

A ideia do documento partiu do deputado federal Capitão Alden e do deputado estadual Diego Castros, bolsonaristas de carteirinha do PL e, portanto, extremistas. Os dois, embora entusiastas da aliança, vinham demonstrando preocupação com o impacto do apoio a Bruno Reis, que se posiciona mais ao centro no campo político, entre os eleitores conservadores. Assim, queriam, de alguma forma, “amarrar” o morador do Palácio Thomé de Souza às bandeiras da sigla.

Tomaram falta

Entre as ausências no evento comandado por João Roma, duas já eram esperadas: a dos deputados estaduais Vitor Azevedo e Raimundinho da JR, que estão na base do governador Jerônimo Rodrigues (PT). Quem também faltou foi o ex-vereador Cézar Leite, que disputou a Prefeitura de Salvador em 2020 pelo PRTB e agora vai tentar retornar à Câmara Municipal no PL, a contragosto de parte importante das lideranças bolsonaristas da sigla.

Baterias recarregadas

Aliados do vice-governador Geraldo Júnior (MDB) esperam a volta ao Brasil da coordenadora da campanha do emedebista, a deputada federal Lídice da Mata (PSB), para retomar de forma mais intensa as tratativas sobre o suporte aos pré-candidatos a vereador da base do Palácio de Ondina e a composição da chapa majoritária. Sabiamente, a socialista optou por passar uns dias descansando no exterior antes de assumir de fato a nova tarefa. Ela retorna nesta quinta-feira (02).

Beicinho brizolista

Durante reunião comandada em Salvador pelo ministro da Previdência e presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, na última sexta (29), com lideranças e pré-candidatos da sigla, ficou evidente que a turma da vice-prefeita Ana Paula Matos ainda faz beicinho para o deputado federal Leo Prates. Quando o parlamentar usou a expressão “apoiar um outro projeto”, se referindo a Lauro de Freitas, a turma de Ana logo achou que o assunto era ela e começou a gritar. Leo precisou dizer algumas vezes que não quer mais a vice.

Candidato do palácio

O ex-presidente da Limpurb Omar Gordilho (PDT) é visto pela base aliada de Bruno Reis e de Ana Paula como o candidato mais apoiado pelo Palácio Thomé de Souza na disputa por uma cadeira na Câmara Municipal. Há, inclusive, quem aposte que o pedetista, que vai disputar a segunda eleição consecutiva para o Legislativo, só que agora com mais força, pode ser o mais bem votado do partido, na frente até do vereador Anderson Ninho (PDT), postulante à reeleição.

Pegando de volta

A tendência, calculam os entendidos, é que o PDT possa eleger de três a quatro vereadores. Internamente, a briga por uma cadeira é acirrada entre a vereadora Roberta Caires e o ex-diretor da Codecon Zilton Netto. Isso porque Zilton tem sido acusado pela edil de “roubar” lideranças e espaços na Prefeitura, se aproveitando do fato de tê-la apoiado em 2020. O ex-diretor, por sua vez, costuma dizer que está pegando de volta o que havia emprestado.

Modo Isidório

O Avante da Bahia, que quer demonstrar força em um evento nacional em Salvador neste sábado (04) garante que montou uma lista de candidatos a vereador na capital para eleger ao menos um. Uma das postulantes é Thais Santana, filha do deputado federal Pastor Isidório, que comanda a legenda na cidade. Em 2020, o parlamentar, então candidato a prefeito e outrora campeão de votos, usou da mesma estratégia lançando o filho Tancredo Isidório, que não alcançou os quatro dígitos nas urnas.

Resposta pesada

Jerônimo Rodrigues vai a Campo Formoso no sábado (04) para anunciar novas obras e investimentos no município. A presença do governador na cidade também é uma resposta do presidente da Assembleia, Adolfo Menezes (PSD), ao ato político ocorrido na semana passada que marcou o lançamento da pré-candidatura à reeleição do prefeito Elmo Nascimento (União), irmão do deputado federal Elmar Nascimento (União). O parlamentar do PSD lançou como pré-candidata a esposa, Denise Menezes (PSD)

Trator do União

Aliás, aliados do presidente da Assembleia aplaudiram a ausência de ACM Neto (União) no lançamento da pré-candidatura do irmão de Elmar em Campo Formoso e consideram que o movimento foi uma sinalização clara de que o ex-prefeito de Salvador não vai aceitar ser “tratorado” pelo correligionário na disputa interna por quem tem mais influência nos rumos do partido. Vale lembrar que Elmar comanda a Codevasf, órgão do governo federal que se tornou famoso por distribuir tratores e outros maquinários pelo interior. Neto, no entanto, fez questão de avisar que não poderia ir à festa.

Relação estremecida

Por falar no ex-prefeito, a relação dele com o presidente do PP na Bahia, deputado federal Mário Negromonte Júnior, parece não estar das melhores. O pepista fez questão de desmentir de imediato que estivesse presente em um evento político em Caldeirão Grande com ACM Neto na semana passada, segundo informou a assessoria do líder oposicionista em material enviado à imprensa.

Propina agora é 20%

A situação na Alameda das Espatódias está prestes a explodir. Tradicionalmente, as propinas disfarçadas de Art variam em torno de 10%, mas uma quitanda de armário com poucos “Annos” elevou seu suborno para 20%. Paralelamente, um arquiteto vem enganando seus clientes, negligenciando a qualidade e os prazos em favor de suas próprias comissões. Um cliente insatisfeito está ameaçando revelar tudo! Que ele não mencione nomes, para evitar um escândalo ainda maior.

Vitalícia

Na verdade, Mário Júnior busca se aproximar cada vez mais de Jerônimo visando garantir a indicação da esposa, Camila Vasquez, para a próxima vaga aberta no Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), em julho de 2025, quando quem se aposenta é justamente o pai do parlamentar, o conselheiro Mário Negromonte. O substituto deve ser um nome do Ministério Público de Contas, onde Camila é procuradora. Há rumores de que o PT prefere a procuradora Aline Rego.

Revendo os amigos

Depois de participar da inauguração do trecho de número dois do BRT de Salvador, na semana passada, o ministro das Cidades, Jader Filho (MDB), fez questão de fazer uma visita aos aliados emedebistas da Bahia, na sede estadual da legenda. Durante a visita, ele ainda colocou o pai, o ex-governador do Pará e ex-senador Jader Barbalho, que já foi um dos principais caciques nacionais da sigla, para falar com o ex-ministro Geddel Vieira Lima por chamada de vídeo. O papo foi sobre política local e nacional.

Crescimento

O PV registrou crescimento na Bahia após o final do prazo das filiações partidárias. O partido, que não havia conseguido eleger prefeitos em 2020, ficou com dois. O total de vice-prefeitos saltou de dois para oito, enquanto o de vereadores subiu de 13 para 56 e o de comissões provisórias, de 68 para 180. Os números só não foram melhores porque alguns prefeitos que negociavam com o PV ficaram com receio de colocar o projeto eleitoral em risco por conta da federação que os “verdes” formam com PT e PCdoB.

Pitacos

* Ex-eleitor de Bolsonaro, Geraldo Júnior levou cerca de dez horas para criticar o apoio do PL a Bruno Reis. A lentidão foi notada por um aliado petista, para quem o emedebista, às vezes, “nem parece ser candidato”.

* Quem viu a palestra do vereador Sílvio Humberto, do PSB, no evento “Racismo não é mimimi”, organizado quarta-feira (30) pela Assembleia, achou o edil desmotivado. Seriam dois os motivos: Geraldo Júnior não decola e a filiação de Igor Kannário na sigla.

* No ato de apoio do PL a Bruno Reis, o vereador Alexandre Aleluia elogiou a lista de candidatos do partido para a Câmara, da qual faz parte. Citou alguns nomes, incluindo o ex-prefeito João Henrique, mas não mencionou nenhum bolsonarista raiz.

* Há rumores no meio político da Bahia de que a Justiça está no encalço de um quadro local. O caso é antigo.

* Quem entra no gabinete do deputado estadual Marcinho Oliveira (União) encontra um ambiente tão requintado e fora dos padrões de simplicidade da Assembleia que tem a impressão de estar fora da Casa. Só as portas foram mantidas, porque não deixaram trocar.

* O deputado estadual Bobô (PCdoB) apresentou um projeto de lei para tornar Senhor do Bonfim a Capital Estadual do Forró. Às vésperas dos festejos juninos, vai criar confusão com os outros 416 municípios baianos.

* Com olhos de água, o deputado estadual Marquinho Viana (PV) decidiu entrar de vez na briga para ser o primeiro-vice caso Adolfo Menezes decida de fato tentar uma segunda reeleição para o comando da Assembleia.

* O prefeito de Itapetinga, Rodrigo Hagge (MDB), foi na onda dos adversários (e alguns aliados) que o criticam por escolher o tio Eduardo Hagge como sucessor. Batizou de “Rolé do Tiozão” o lançamento da pré-candidatura, neste domingo (05).

* Em Juazeiro, aliados do governo do Estado garantem que o ex-prefeito Isaac Carvalho, do PT, não resolveu todas as pendências jurídicas para ser candidato. “Existem outros processos”, apontou um membro da base.