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John Bolton, assessor de Segurança Nacional dos EUA 10 de setembro de 2019 | 18:15

Consultor de segurança, John Bolton deixa a Casa Branca por divergência em política externa

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, demitiu John Bolton, seu terceiro assessor de Segurança Nacional, nesta terça-feira, 10. Trump anunciou a saída por meio de sua conta no Twitter, em meio a divergências sobre como lidar com desafios de política externa americana, como o Irã, Coreia do Norte e o Afeganistão. Bolton também foi o idealizador da política de pressão total sobre a Venezuela, para tentar derrubar o regime do presidente chavista Nicolás Maduro dando apoio para o líder opositor Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino da Venezuela no começo do ano. Em novembro do ano passado, John Bolton se reuniu no início com o presidente Jair Bolsonaro, na casa de Bolsonaro. Na ocasião, o presidente bateu continência para o então assessor de Segurança Nacional dos EUA e ofereceu a ele um café da manhã com suco e pão com leite condensado. O presidente disse que nomeará seu substituto na próxima semana. A notícia, conhecida dias depois de Trump revelar o cancelamento de conversas secretas com o Taleban no Afeganistão, surpreendeu Washington. Bolton ajudou a colocar a América Latina como um dos focos da política externa americana na segunda metade do governo Donald Trump, especialmente as crises na Venezuela e na Nicarágua, além de uma piora nas relações com Cuba. Ao comentar essa nova política, em março, o assessor de Segurança Nacional, John Bolton, declarou que “a Doutrina Monroe estava bem viva”. “Informei John Bolton ontem à noite que seus serviços não são mais necessários na Casa Branca. Discordei fortemente de muitas de suas sugestões, assim como outros do governo, e, portanto, pedi a John sua demissão, que ele me entregou nesta manhã. Agradeço muito a John por seu serviço. Vou nomear um novo consultor de segurança nacional na próxima semana”, escreveu Trump em sua conta no Twitter. Sua saída ocorre no momento em que Trump busca abertura diplomática com dois dos inimigos mais importantes dos Estados Unidos, esforços que atrapalharam os linha-dura no governo, como Bolton, que vê a Coreia do Norte e o Irã como não confiáveis. Trump continuou a elogiar Kim Jong-un, o líder da Coreia do Norte, apesar da recusa de Kim em renunciar ao seu programa nuclear e apesar dos repetidos testes de mísseis de curto alcance do Norte que abalaram seus vizinhos. Nos últimos dias, Trump manifestou vontade de se reunir com o presidente Hassan Rouhani, do Irã, sob as circunstâncias certas, e até de estender financiamento de curto prazo a Teerã, embora a oferta tenha sido até agora rejeitada. Conhecido por seus notórios bigodes, Bolton é uma figura controversa por seu estreito vínculo com a invasão do Iraque e foi considerado um dos principais impulsionadores da abordagem dura de Trump em política externa. Como é frequentemente o caso na presidência de Trump, a partida abrupta do conselheiro de segurança nacional parecia marcada pelo caos. O anúncio de Trump no Twitter veio logo depois que a assessoria de imprensa da Casa Branca disse que Bolton ofereceria em breve uma coletiva de imprensa sobre questões de terrorismo, juntamente com o secretário de Estado Mike Pompeo. O próprio Bolton apresentou sua versão dos fatos, o que parece contradizer a do presidente. “Eu me ofereci para renunciar ontem à noite e o presidente Trump disse: ‘Vamos falar sobre isso amanhã'”, tuittou Bolton.

Estadão Conteúdo
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