Foto: Prefeitura/Divulgação
02 de julho de 2019 | 13:51

2 de Julho: Neto demonstra força e Geraldo Jr., que está em seu encalço, enquanto Rui e Bellintani somem

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Ajudado pela ausência do governador Rui Costa (PT) da festa e provavelmente pressionado pela agressividade adotada pelo presidente da Câmara Municipal de Salvador, Geraldo Jr. (SD), que montou bloco próprio para desfilar no Cortejo, desconsiderando a prevalência de sua liderança no município, o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), deu hoje uma grande demonstração de força no 2 de Julho, o que deve naturalmente ter beneficiado o seu candidato à sua sucessão, o vice e secretário municipal de Infraestrutura, Bruno Reis (DEM).

De longe, Neto foi o político baiano que liderou o maior cordão de gente pelas ruas do Centro Histórico, sem nenhum tipo de intercorrência, interagindo com populares, em gozo claro da popularidade que as pesquisas confirmam, e buscando espalhar o mesmo clima de reconhecimento sobre o seu grupo, no qual a figura de destaque foi a do “preferido” Bruno Reis. Para isso, funcionou, naturalmente, a grande mobilização iniciada por seus auxiliares na Prefeitura desde a sexta-feira passada, que motivou, inclusive, denúncias de aparelhamento da parte de adversários.

Mas, se neste primeiro momento, o movimento de Neto foi capaz de engolfar o esforço deflagrado pelo presidente da Câmara para se destacar como liderança política ascendente no campo municipal, cujo discurso de independência em relação ao grupo do prefeito encontra guarita entre parte dos vereadores – pelos seus cálculos, 22 vereadores teriam vestido a camisa verde com o L de líder com que se identifica – e mesmo populares, o prefeito terá ainda muito trabalho pela frente, se quiser neutralizar as prováveis futuras investidas de Geraldo Jr. em relação à Prefeitura e à sua própria liderança.

Em plena festa, a cobrança do vereador pela demissão do secretário municipal de Esportes, Alberto Pimentel, seu sucessor na pasta, em relação a quem disse que o prefeito tem sido “tolerante demais”, prontamente respondida de forma dura por Neto, observando que quem manda em sua administração é ele, foram apenas um pequeno exemplo do quanto a relação entre Câmara Municipal e Prefeitura poderá se tornar cada vez mais tensa, senão evoluir para um rompimento faltando ainda um ano para as eleições municipais, se um entendimento não for rapidamente construído.

A decepção do Cortejo ficou com o ex-secretário municipal de Turismo, Guilherme Bellintani, cujas ruas do Centro Histórico não viram a cara, apesar da grande expectativa que havia em relação a ele, que chegou a ser convidado pelo presidente da Câmara Municipal a integrar o seu bloco. Ainda que o 2 de Julho mais aguardado seja o do ano eleitoral de 2022, Bellintani não podia ter perdido a oportunidade de se mostrar à população, sobretudo neste momento em que, como demonstrou a festa, as articulações e a disputa claramente se anteciparam, acompanhando movimentos políticos inesperados.

A partir de hoje, a leitura que a classe política passou a fazer quase em uníssono é a de que o ex-secretário municipal de Neto que aparece como um nome a ser apoiado pelo time de Rui Costa, não é candidato a prefeito de Salvador, já que ele poderia ter saído puxando um pequeno grupo que fosse, até de torcedores fiéis do Bahia, Clube que dirige e que, para alguns, pode tanto catapultá-lo quanto sepultar seu sonho de concorrer à Prefeitura no ano que vem. Pode ser colocada integralmente na conta do ausente Rui Costa a grande desmobilização de seu grupo na festa, representado de forma rápida pelo senador Jaques Wagner (PT).

Como precisava voltar a Brasília, Wagner não acompanhou o Cortejo até o fim. Não fosse pela insistência de figuras como o deputado federal Nelson Pelegrino, do PT, e Alice Portugal, do PCdoB, ambos pré-candidatos à Prefeitura, que tradicionalmente acompanham o Cortejo, e do deputado federal Bacelar, que confirmou sua pré-candidatura pelo Podemos e colocou, no grupo do governo, o bloco mais organizado e populoso na rua, a lembrança de que a Bahia tem um governador passaria completamente despercebida em meio à maior festa cívica que celebra a importância política do Estado.

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