Foto: Jefferson Peixoto/Secom
Essa parte está sendo revelada durante prospecção arqueológica realizada na Avenida Sete de Setembro, ação que antecede o início das obras requalificação da região e da Praça Castro Alves 21 de março de 2019 | 11:19

Trilhos, louças e até ossada humana são encontrados na Avenida Sete

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A história de Salvador pode ser vista a olho nu por todo o Centro Histórico. Mas há uma boa parte do passado da primeira capital do Brasil, que completa 470 anos neste mês de março, que permanece oculta sob a camada de asfalto e pedras. Essa parte está sendo revelada durante prospecção arqueológica realizada na Avenida Sete de Setembro, ação que antecede o início das obras requalificação da região e da Praça Castro Alves. Esse trabalho de pesquisa já rendeu resultados interessantes para entender a história da cidade: foram encontrados trechos de trilho de bondes, resíduos de louças e até uma ossada humana. “Encontramos também parte de estruturas, como essa argamassa vermelha, datada do século XVIII. Os trilhos são, com certeza, do século XIX”, explicou o arqueólogo e coordenador da pesquisa, Cláudio César Souza e Silva. A prospecção teve início em fevereiro último com a realização da primeira etapa, entre Casa D’Itália (Campo Grande) e as Mercês. Agora, está em fase de conclusão da segunda parte do trabalho, entre as Mercês e o São Bento. A prospecção será finalizada no trecho entre São Bento e Praça Castro Alves. O especialista afirmou que a etapa inicial do trabalho tem a função apenas de pesquisa. Após essa fase, os quatro arqueólogos e dois técnicos da área envolvidos na operação iniciam a etapa de investigação das áreas em que foram encontrados os materiais históricos, quando a escavação será ampliada na localidade. “Todo o material encontrado é recolhido e analisado em laboratório e armazenado na universidade”, explicou Cláudio César. Os materiais são encaminhados ao Laboratório de Arqueologia da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), no Campus de Senhor do Bonfim. As escavações são realizadas na parte lateral esquerda da Avenida Sete, sentido Centro Histórico. Foram postos no local cones, placas e marcações de trânsito para indicar a realização do serviço, feito de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. De acordo com a Gerência de Trânsito da Transalvador, agentes têm reforçado as atividades no local, com intuito de orientar os pedestres e garantir a passagem de veículos pela via sem maiores transtornos. No período das obras, a mobilidade não ficará comprometida. A intenção é garantir que a requalificação aconteça da forma mais tranquila possível na avenida que abriga o maior comércio de rua de Salvador. O trecho contemplado pela requalificação da Avenida Sete de Setembro começa na Casa D´Itália e segue até a Praça Castro Alves, cumprindo cerca de 1,2 quilômetro. A previsão é que as obras, que têm investimento de R$ 17,5 milhões, durem 14 meses. Os recursos são provenientes de financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), através do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur) da Secretaria de Cultura e Turismo (Secult). O projeto de requalificação da Avenida Sete e da Praça Castro Alves foi elaborado pela Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), e o Consórcio Nova Avenida Sete é o responsável pelas obras de prospecção, tendo como norte o plano apresentado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Finalizada a fase de escavações, as intervenções e melhorias começam a ser executadas. As intervenções vão possibilitar a valorização do comércio e dos imóveis da região. O projeto prevê a revitalização e ampliação de calçadas em pedra portuguesa, preservando as características históricas originais, inclusive os brasões; troca do asfalto; delimitação de vagas de estacionamento; iluminação em LED; implantação de fiação subterrânea; criação de áreas de convivência; drenagem; arborização; adaptação de piso tátil e instalação de rampas para acessibilidade.

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