Foto: Dida Sampaio/Estadão
O prefeito de Salvador e presidente nacional do DEM, ACM Neto 11 de março de 2019 | 15:30

Neto: “Sem articulação política não haverá reforma da Previdência”

salvador

Em entrevista ao site UOL, nesta segunda-feira (11), o prefeito de Salvador e presidente nacional do DEM, ACM Neto, disse não ter dúvidas de que, “como tema em si”, a reforma da Previdência é a mais importante e a mais urgente de todas. Mas acha que o governo ainda está desarticulado, do ponto de vista político. “Falta ser muito claro de como ele quer se relacionar com o Congresso”, afirmou. Para Neto, Bolsonaro só montará maioria se definir como a “relação do Executivo com o Legislativo vai transcorrer pelos próximos quatro anos”. A seguir, trechos da entrevista com ACM Neto:

O DEM pertence à base de apoio ao governo no Congresso?

Nós ainda não deliberamos quanto a oficialmente integrar a base de apoio do governo. Até porque é preciso saber como é que o governo quer compor essa base. Para mim não está claro isso. É preciso avançar nas conversas. É óbvio que nós queremos que o país avance, queremos ver a agenda das reformas avançar e temos a exata noção da responsabilidade que é o partido presidir as duas Casas, com Rodrigo [Maia (DEM-RJ), presidente da Câmar] e com Davi [Alcolumbre (DEM-AP), presidente do Senado]. Mas é preciso ter mais clareza do governo de como é que ele quer compor essa maioria no Congresso.

O que o sr. acha do projeto de reforma da Previdência enviado pelo governo ao Congresso?

No geral a gente tem a concordância de que a reforma da Previdência precisa avançar. Como tema em si, eu não tenho dúvida de que a reforma da Previdência é, dentre todas, a mais importante para o país hoje. Até porque, se não houver mudança, os aposentados correm risco de não receber os seus direitos. Quanto aos detalhes do texto encaminhado pelo governo, eu ainda pretendo ter um pouco de cautela. As nossas bancadas na Câmara e no Senado estão estudando o assunto. É muito provável que a gente feche uma posição do partido em relação à reforma e aos seus principais pontos. Não quero avançar.

O que passa fácil?

Não diria que algo passe fácil. Há uma consciência geral de deputados e senadores e dos políticos do Brasil como um todo de que a reforma é essencial. Mas é óbvio que ela depende de articulação política. Sem articulação política não haverá reforma da Presidência. Cabe ao governo construir essa articulação.

Resistências?

É óbvio que vão existir. Vão haver movimentos sociais se contrapondo à reforma, pressões sobre os parlamentares, sobretudo de corporações e de setores específicos. Parece-me que há uma consciência maior de que ela precisa avançar. Aí é o governo que tem de ter capacidade de enfrentar e superar essas resistências. Tudo isso só se faz com articulação política.

Tem maioria?

É óbvio que hoje não temos uma base, uma maioria montada para aprovar a reforma. O governo tem tempo, mas hoje não há um cenário na Câmara e no Senado com os números necessários para aprovação. O desafio dos próximos meses é que o governo costure essa maioria.

Como anda a articulação para sua aprovação? O que falta?

Falta ao governo ser muito claro de como ele quer se relacionar com o Congresso, qual a base parlamentar que pretende ter. E como é que essa relação do Executivo com o Legislativo vai transcorrer pelos próximos quatro anos. Acho que essa é a expectativa geral de deputados e senadores.

Comentários