06 de março de 2019 | 10:57

Embate entre Rússia e EUA traz fantasma da Guerra Fria

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“Torcendo pelo melhor, mas esperando o pior. Vocês vão jogar a bomba ou não?” O temor na letra da banda Alphaville em seu sucesso Forever Young, de 1984, é uma lembrança do fantasma de uma aniquilação nuclear que perseguiu o mundo nos anos da Guerra Fria (1947-1991). Mais de três décadas depois, a ideia de que uma agressão implicaria destruição mútua fez o mundo se acostumar com a existência das armas nucleares. Mas as últimas agressões verbais e ameaças entre Rússia e EUA – as duas maiores potências nucleares – começaram a perturbar a sensação de paz. A relação entre os dois países vem se deteriorando muito nos últimos anos e nada aponta hoje para um diálogo, afirma o diplomata brasileiro Sérgio de Queiroz Duarte, que foi alto-representante das Nações Unidas para Assuntos de Desarmamento. Há um ano, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou que seu país estava desenvolvendo novas armas capazes de atingir qualquer ponto do globo e escapar de um escudo antimíssil montado pelos EUA. O discurso foi considerado por analistas o mais belicoso em anos e marcou o início de uma escalada na corrida armamentista. As análises se mostraram corretas. Em dezembro, Putin confirmou um bem-sucedido teste de um novo míssil hipersônico Avangard, que, segundo o Kremlin, é capaz de contornar qualquer sistema de defesa antimíssil. Em janeiro, o presidente Donald Trump retirou os EUA do Tratado de Proibição de Mísseis Intermediários (INF, na sigla em inglês), assinado com a então União Soviética em 1987 e um pilar na prevenção de uma guerra nuclear na Europa. Moscou suspendeu sua adesão ao pacto oficialmente no sábado.

Estadão Conteúdo
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