Foto: Divulgação/Arquivo
Vice-prefeito Bruno Reis 07 de fevereiro de 2019 | 07:43

Reforma de Neto dá força a plano futuro de Bruno, por Raul Monteiro*

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Quem acompanhou o anúncio da reforma administrativa do prefeito ACM Neto (DEM), esta semana, notou que, do ponto de vista político, ela tem uma pegada completamente diferente da de seu congênere estadual, o governador Rui Costa (PT), que, por coincidência, ainda promove o mesmo tipo de ajuste em seu secretariado, de maneira muito mais ampla e lenta, no momento em que o chefe do executivo municipal conclui a sua. Mas enquanto não é possível identificar nenhum objetivo político ou eleitoral nas peças movidas por Rui até agora, sob, aliás, em alguns casos, críticas veladas dos próprios aliados, não se pode dizer o mesmo nos ajustes já executados por Neto na equipe.

A mudança mais evidente operada agora no time do prefeito diz respeito a seu vice, Bruno Reis (DEM), guindado à condição de secretário de Infraestrutura, posição que acumulará com a de coordenador de programas sociais do município que já vinha exercendo informalmente. Se a nova posição a que o vice ascende não é igualmente uma declaração de que o prefeito aposta de forma concreta no nome do democrata para a sua sucessão, em 2020, não existe nenhum outro movimento mais claro capaz de evidenciá-la. Afinal, estarão sob a alçada do vice a partir de agora projetos tão importantes e impactantes sobre a cidade como o BRT e o Centro de Convenções.

Sem contar iniciativas de apelo mais diretamente popular, a exemplo do Morar Melhor, além de um sem número de outras intervenções que a Infraestrutura pode operar nos bairros, principalmente naqueles onde residem os mais pobres, ampla maioria na cidade. Portanto, trata-se de uma posição, onde, além de poder garantir a projeção de sua estampa no município, ganhando uma visibilidade que, a depender de sua competência, pode ser revertida em bônus eleitoral, Bruno ganha a chance de exercitar a veia administrativa, um estágio verdadeiramente fundamental para quem tem tudo para assumir o desafio de eventualmente, no grupo, suceder ACM Neto como gestor.

Sob esse prisma, o espaço destinado pelo prefeito ao vice em sua pequena reforma, na qual mudou apenas cinco secretários, não pode ser menosprezado do ponto de vista do que propicia a seu titular. Mesmo porque não há, no âmbito da administração municipal, ninguém com poder igual ao que a Bruno passa a ser delegado agora. Outro novato na equipe, o deputado estadual licenciado Leonardo Prates (DEM) assumiu a secretaria municipal de Promoção Social, por exemplo, sob a mão amiga do próprio vice com o objetivo de atuar coligado a ele. Antes, Bruno teve de convencer o vereador Tiago Correia (PSDB), que ficou numa suplência na Assembleia, de que teria que tomar posse como deputado.

Mais novo e menos experiente que Bruno, Prates não terá, portanto, condição de ameaçar fazer-lhe sombra, nem de abrir mão de vincular-se a seus projetos futuros. Com os ajustes que envolvem a figura do vice, Neto, de fato, dá a largada na promessa de ajudá-lo a se viabilizar como candidato oficial à sua sucessão, compensando-o dos danos que, como seu articulador, sofreu por conta da desistência do prefeito de concorrer ao governo do Estado, no ano passado, o que, se tivesse ocorrido, como consequência, teria colocado a Prefeitura praticamente sem esforço em suas mãos. Cabe, agora, a Bruno mostrar que está tão apto para o desafio quanto sempre assegurou ao próprio prefeito.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado hoje na Tribuna.

Raul Monteiro*
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