Foto: Jamil Chade/Estadão
Advogado foragido na Espanha Rodrigo Tacla Duran 26 de fevereiro de 2019 | 06:58

Afinado com Lula e PT para atacar a Lava Jato, Tacla Duran é suspeito de operar para PSDB

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Frequentemente evocado por petistas – entre eles, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por meio de sua defesa – para atacar a Operação Lava Jato, o advogado foragido na Espanha Rodrigo Tacla Duran é alvo de investigações por supostamente operar propinas para o PSDB e a cúpula do MDB, em inquéritos que miram o ex-ministro Aloysio Nunes (Relações Exteriores) e o ex-presidente Michel Temer. Denunciado criminalmente à Justiça Federal de Curitiba, ele voltou, na última semana, a ser alvo da força-tarefa na Ad Infinitum, fase 60 da Lava Jato, que levou para a cadeia o operador tucano Paulo Vieira de Souza. Tacla Duran é apontado por delatores da Odebrecht como operador da empreiteira. Ele acusa o advogado Carlos Zucolotto Jr de oferecer facilidades em um eventual acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato, em troca de ‘pagamentos por fora’. Seu nome é evocado constantemente em recursos da defesa do ex-presidente Lula e também pelo PT. Na semana passada, após a Lava Jato voltar às ruas, o advogado foi citado novamente, desta vez, como suposto operador de políticos tucanos. A fase 60, batizada de Ad Infinitum, põe o advogado no centro de um complexo esquema de lavagem de dinheiro que abastecia políticos do PSDB. Nesta etapa, a PF prendeu mais uma vez Paulo Vieira de Souza, ex-diretor da Dersa, sob a suspeita de operar mais de R$ 100 milhões a tucanos. O ex-ministro Aloysio Nunes Ferreira Filho foi alvo de buscas da operação. Documentos de cooperação internacional mostraram que Vieira de Souza chegou a ter a cifra de R$ 130 milhões em suas contas na Suíça. Um cartão de crédito de uma dessas contas chegou a ser emitido em nome de Aloysio Nunes, segundo os documentos obtidos pela Lava Jato. Segundo a Procuradoria, ‘ao menos nos anos de 2010 e 2011, Paulo Vieira de Souza disponibilizou valores em espécie, em território nacional, ao operador financeiro Adir Assad, que o entregava, em acordo com Fernando Migliaccio, um dos coordenadores do Setor de Operações Estruturadas (departamento de propinas da Odebrecht), a emissários ligados a Álvaro Novis, o qual, por fim, procedia à entrega do dinheiro a agentes públicos e políticos corrompidos, honrando os negócios escusos assumidos pelo Grupo Odebrecht’. “Por sua vez, no mesmo período, o Grupo Odebrecht procedeu à transmissão de valores, mediante a utilização de contas mantidas em nome de empresas offshores no exterior ligadas ao Setor de Operações Estruturadas da empreiteira, a Rodrigo Tacla Duran”, dizem os procuradores. Segundo a Lava Jato, Tacla Duran ‘por sua vez, repassou o dinheiro, ainda no exterior, mediante a retenção de comissões, diretamente a Paulo Vieira de Souza, ou, por vezes, a doleiros chineses, que se encarregavam de remeter os valores, também por meio de instituições bancárias estrangeiras’. “Observa-se, portanto, que os valores em espécie angariados pelo grupo empresarial a partir da atuação do Setor de Operações Estruturadas e de operadores financeiros como Adir Assad, Rodrigo Tacla Duran e Paulo Vieira de Souza, foram posteriormente destinados a diversos agentes, públicos e políticos, em meio a ajustes de corrupção, dentre os quais se destacam funcionários públicos da Petrobrás”, escreve a Procuradoria.

Estadão
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