Foto: Divulgação/Arquivo
Novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre 04 de fevereiro de 2019 | 07:25

ACM Neto pilota agora o partido mais forte do país, por Raul Monteiro*

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Há pelo menos um mês o nome de Davi Alcolumbre circulava em meio ao DEM da Bahia como o do virtual presidente do Senado. O jovem senador do Amapá, desconhecido do grande público, era então apontado por democratas baianos como a aposta do articulador político do governo Jair Bolsonaro, deputado federal Onix Lorenzoni (DEM-SC), para presidir a Câmara Alta sob uma expectativa tão otimista quanto a que circundava a reeleição do presidente da Câmara dos Deputados, o também democrata Rodrigo Maia, a qual afinal acabou se confirmando um dia antes de forma muito mais fácil.

Era natural que a sucessão no comando do Congresso passasse ou fosse acompanhada de perto na Bahia pelo simples motivo de que o presidente nacional do DEM é o prefeito de Salvador, ACM Neto. Mais do que isso, principalmente porque Neto sempre soube da importância estratégica da conquista tanto para o seu mandato no comando da capital baiana como para seus projetos políticos futuros, o que inclui a sua própria sucessão, em 2020, mas, especialmente aquele cuja bandeira parece fincada muito mais adiante, por ocasião das eleições majoritárias de 2022.

Até então, no entanto, a prioridade sempre fora a manutenção do comando da Câmara dos Deputados nas mãos amigas de Rodrigo Maia. Sob este guarda-chuva, o prefeito de Salvador já manobrara com absoluta perícia no governo Michel Temer, tirando o máximo de proveito da posição de poder sob o controle do correligionário e, eventualmente, ajudando a constranger o adversário Rui Costa (PT), governador da Bahia, cujo forte, como é sabido, nunca foi a política. Dessa forma, a vitória de Alcolumbre pode ser considerada a verdadeira cereja do bolo para o democrata.

Ela é ainda mais significativa dada a maneira como o DEM se aproximou do novo presidente, emplacando três ministros num processo que não passou pelo controle do comando do partido. Foram escolhas pessoais de Bolsonaro que passaram, no máximo, pelo aval de Lorenzoni, as quais nunca puderam ser apontadas, de fato, como resultado da articulação da agremiação e de seu presidente. Não é o que acontece agora, quando o partido garante duas posições infinitamente mais importantes, exatamente porque independentes do Executivo.

Se com a manutenção do controle da Câmara já se prenunciava que o papel do DEM no plano nacional seria largamente mais importante do que aquele que poderia lhe ser conferido pela indicação de ministros no governo, a eleição no Senado apenas confirma que o partido ascende à posição de legenda mais relevante do país num momento, inclusive, de exclusão do MDB. E não há como não repetir, como registrou a mídia brasiliense ontem, que o sucesso do democratas em Brasília acaba coroando também o triunfo do prefeito de Salvador.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

Raul Monteiro*
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