20 de janeiro de 2019 | 09:53

Grupos bolsonaristas têm diferentes projetos para o País

brasil

O “cabo de guerra” entre os grupos ideológicos que compõem o governo Bolsonaro deverá afetar muito mais que o dia a dia da administração. O apoio do presidente a uma ou outra ala nos grandes temas poderá moldar o destino do País nos próximos anos e talvez até décadas. Se a ala liberal, liderada pelo ministro Paulo Guedes, conseguir emplacar seu receituário na economia, defendido por Bolsonaro na campanha eleitoral, o Brasil provavelmente terá condições de crescer de forma mais acelerada e sustentável, favorecendo a prosperidade geral. Centrada nas reformas estruturais, como a da Previdência e a tributária, no equilíbrio fiscal, na redução do tamanho do Estado, na abertura comercial e na descentralização dos recursos hoje concentrados em Brasília, a plataforma da ala liberal poderá descortinar novos horizontes ao País. “O Brasil foi a economia de maior ritmo de crescimento durante três quartos do século passado, depois perdeu potência. E perdeu potência pela insistência no modelo de economia de comando central, ao invés de uma economia de mercado”, disse o ministro da Economia, Paulo Guedes, ao assumir o cargo. Se, ao contrário, Bolsonaro travar a liberalização e encampar a visão desenvolvimentista que marcou sua trajetória política até a propalada conversão liberal, poderá comprometer o crescimento econômico, por mais que isso possa parecer um resultado incompatível com o ufanismo embutido no termo que dá nome ao modelo. Implementado pelo general Ernesto Geisel no regime militar e reproduzido com perdas pelas gestões do PT, a partir do segundo mandato de Lula, deixou um saldo dramático nos dois períodos, com desequilíbrio nas contas públicas, inflação em alta, estagnação econômica e aumento significativo do desemprego. Baseado na intervenção do Estado na economia, na substituição de importações, com apoio de medidas protecionistas, na concentração dos recursos no governo federal e no assistencialismo, o modelo desenvolvimentista ainda tem muitos adeptos nas alas militar, política, evangélica e olavista (seguidora das ideias do pensador e escritor Olavo de Carvalho), que dão suporte a Bolsonaro.

Estadão
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