02 de dezembro de 2018 | 08:32

México negocia com Cuba levar médicos que saíram do Brasil

mundo

O novo presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, está prestes a fechar um acordo para receber pelo menos 3 mil médicos cubanos que vinham trabalhando no Brasil. A negociação entre o primeiro representante da esquerda a chegar à presidência mexicana e o regime cubano começou em setembro, segundo apurou o Estado. Cuba anunciou que retiraria seus médicos do Brasil no dia 14. As tratativas foram mantidas em sigilo, até agora. Obrador tem um plano de austeridade que pretende reduzir o salário de servidores públicos, entre eles os médicos. Os cubanos que passaram pelo Brasil, portanto, ajudariam a cobrir cortes nos gastos públicos. “É austeridade, não vingança”, repetiu Obrador como um slogan durante sua campanha. Lázaro Cárdenas Batel, o novo coordenador de assessores da presidência mexicana, tem sido o elo entre os representantes do regime cubano, presidido por Miguel Díaz-Canel, e colaboradores dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. O objetivo: uma adaptação mexicana do Mais Médicos, um programa que envolveu cerca de 15 mil especialistas cubanos designados para 1,6 mil municípios em algumas das áreas de mais difícil acesso do Brasil. Cárdenas Batel é o herdeiro de uma dinastia identificada com as causas de esquerda no México. Tanto ele quanto seu pai, Cuauhtémoc Cárdenas Solórzano, mantêm sólida amizade com os membros do PT. A relação entre Cárdenas e Lula e seus colaboradores mais próximos ultrapassa a diplomacia, diz Jesús Vázquez Martínez, colaborador de Cuauhtemoc Cárdenas quando ele foi governador de Michoacán (sul do México), na década de 80, e prefeito da Cidade do México, entre 1997 e 1999. “Ele sempre manteve a vocação para defender as causas da esquerda. Sua relação com Lula começou há pelo menos 15 anos”, explica. Cuauhtémoc Cárdenas visitou Lula na prisão há três meses e disse várias vezes em público que o ex-presidente brasileiro é vítima de uma “injustiça”. Lula está preso acusado de corrupção, como parte da Operação Lava Jato, que teve desdobramentos em vários países latino-americanos. Vázquez Martínez lembra que Lula e o ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil Celso Amorim até foram à região de Michoacán em 2003, em uma rara visita de um presidente e membros-chave de seu gabinete a um Estado mexicano. Amorim foi precisamente quem manteve conversações com Lázaro Cárdenas Batel, o coordenador de assessores de Obrador para selar o acordo entre Cuba e México. Leia mais no Estadão.

Estadão Conteúdo
Comentários