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Pleno do Tribunal de Justiça da Bahia, onde os desembargadores são alimentados com lanches durante as sessões 15 de agosto de 2018 | 18:42

O doce lanche da tarde dos desembargadores com o dinheiro dos baianos

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E você sentado aí, caro leitor, fez hoje seu lanche da tarde? E se o fez, foi com o seu próprio dinheiro ou com o de outrem? Com certeza, se não tinha recurso, ficou com fome. Muito diferente do que fazem os já regiamente remunerados desembargadores baianos, que, além de todos os penduricalhos com que “sobrevivem”, são muito bem servidos com lanches nas sessões que acontecem no Tribunal de Justiça da Bahia.

Lá, como convém à turma cuja medicina recomenda cuidado com a alimentação, o cardápio é frugal. São frutas “in natura” de “primeira qualidade”, em “grau máximo de evolução no tamanho, no aroma e no sabor”, como diz o edital de licitação utilizado para comprá-las dentro dos conformes e da máxima legalidade. Porque é tudo legal e, ainda por cima, caro leitor, não engorda.

O problema é que quem paga a mordomia, porque não há outro nome para a regalia, somos nós, pobres contribuintes baianos, extorquidos pelo Estado, afundados em dívidas, entre outros problemas aprofundados pelo precário estado da economia brasileira. Nem lembremos dos miseráveis, dos famélicos, que são em número cada vez maior no país e na Bahia!

Pois é, caros contribuintes, tem até concorrência para que o TJ possa arrematar, com a máxima segurança para seus 61 membros ilustres, as frutinhas da tarde. A feirinha mais recente custará, pelo lote mais barato, R$ 39,6 mil, embora suas excelências pudessem consumir até R$ 72,8 mil em abacaxis, côcos, laranjas, limas, mamãos, mangas e melancias.

Reforçando: além de legal, tudo é justificadíssimo na Corte, inclusive a “economia” feita com a compra atual. Pelo critério, pela legislação, pela tradição. (…) “a futura e eventual aquisição de frutas in natura faz-se necessária para a continuidade dos serviços da Copa da Presidência, mais especificamente o fornecimento de lanches para as Sessões de Julgamento das Câmaras e Sessões do Tribunal Pleno, ordinárias e extraordinárias”.

Este é o liso texto do edital do Tribunal de Justiça, para a satisfação dos desembargadores baianos. O nosso, deste Política Livre, encerra aqui, sob a certeza de que com uma elite dessas, lamentavelmente, não há jeito para este rico pobre país.

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