Foto: Divulgação/Arquivo
José Ronaldo aposta as fichas no crescimento de Alckmin, que ainda patina, apesar dos apoios políticos 26 de julho de 2018 | 08:02

Ponga em Alckmin é recurso de Ronaldo na Bahia, por Raul Monteiro*

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Com uma chapa que não consegue montar e uma distância considerável do favoritismo do principal adversário, o governador Rui Costa (PT), o pré-candidato do DEM ao governo, José Ronaldo, está lançando grande parte da esperança de crescimento de sua candidatura no eventual fortalecimento do nome do presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin, cujo palanque deve representar na Bahia. A aposta não deixa de ser insegura, mas, por enquanto, não há outra melhor com que possa estimular expectativas de que pode virar o jogo até a eleição, justificativa para se manter na disputa.

A associação é delicada porque o próprio Alckmin não decolou. A força atual do ex-governador de São Paulo está exclusivamente no campo político, das forças partidárias que se articulam permanentemente em busca de poder, e não no povo, onde o presidenciável tucano ainda não chegou. Há que se tirar o chapéu, no entanto, para a habilidade demonstrada em conseguir articular em torno de si o Centrão, formado por partidos essencialmente fisiológicos, enquanto via seus maiores adversários na disputa, como Jair Bolsonaro, do PSL, e Ciro Gomes, do PDT, tropeçarem nas próprias pernas.

No grupo do ex-prefeito de Feira de Santana, cuja candidatura substituiu de última hora a do prefeito ACM Neto à sucessão estadual, não há dúvida, no entanto, de que, colando em Alckmin, no caso de o tucano ascender, ele será o beneficiário exclusivo na Bahia do movimento de crescimento do ex-governador de São Paulo. Não é por acaso que muitos dos seus integrantes defendem que Neto assuma a coordenação geral da campanha do paulista, o que não só reforçaria seus laços com o tucano como os do próprio Ronaldo como seu candidato ao governo na Bahia.

O prefeito de Salvador, no entanto, resiste, porque sabe que, antes, precisa se licenciar da Prefeitura, e, ao contrário do que muitos em seu grupo pensam, acha que pode ser pior ficar longe da campanha de José Ronaldo num momento em que ela entra em sua etapa decisiva. Se contar com Alckmin como eventual alavanca para seu nome parece um recurso de quem não tem muitos outros com que se fortalecer, o ex-prefeito de Feira de Santana precisa, com certa urgência, montar a chapa com que deve marchar para a eleição, situação que deixa ansiosos aliados e, principalmente, deputados.

A sua situação preocupa sobretudo quando já começa a circular, estimulada pelos próprios aliados, a tese de que, mesmo aceitando o pastor evangélico Irmão Lázaro para uma das vagas ao Senado em sua chapa, Ronaldo pode ser obrigado a assistir o deputado federal do PSC ter mais votos para o Senado do que ele para o governo quando as urnas forem abertas. A especulação seria um sinal de que, para Ronaldo, Lázaro seria incontestavelmente melhor como candidato a vice. Mas seria, na verdade, se o democrata tivesse mais fortalecido para impor as condições aos aliados e não acatá-las humildemente.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

Raul Monteiro*
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