Foto: André Dusek / Estadão
Ex-governador de São Paulo André Franco Montoro, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-prefeito da capital paulista, Mario Covas 24 de junho de 2018 | 08:15

Sem celebração, PSDB completa 30 anos de fundação

brasil

O presidente nacional do PSDB, Geraldo Alckmin, pré-candidato do partido à Presidência, enviou na última quarta-feira um breve comunicado aos integrantes da executiva tucana com três itens relativos à próxima reunião do grupo em Brasília, marcada para terça-feira, 26. Entre eles, estava o convite para um “ato comemorativo” dos 30 anos de fundação da sigla. A ideia, dizem integrantes da cúpula, é fazer um evento discreto e fechado no salão de um hotel “só para a efeméride não passar totalmente em branco”. Por mais que o discurso oficial diga o contrário, há consenso entre tucanos que não há motivo para celebrações. “É o momento mais difícil da história do partido”, reconheceu o deputado Nilson Leitão (MT), líder do PSDB na Câmara. Em outra circunstância, o local escolhido seria o auditório Nereu Ramos, na Câmara. Foi lá que, no dia 25 de junho de 1988, os então senadores Mario Covas e Fernando Henrique Cardoso anunciaram diante de centenas de militantes eufóricos a criação do novo partido, ainda sem nome. Os líderes do movimento dissidente do PMDB colocaram em votação o nome da legenda. Partido Democrático Popular, Partido Social Trabalhista e Partido da Social Democracia Brasileira estavam entre os mais cotados. Após a vitória da sigla PSDB, o senador paranaense José Richa, um dos recém-filiados, colocou a democracia interna como uma marca da nova legenda, que nascia em um momento de “descrença popular com os partidos e instituições”. Trinta anos depois, a cerimônia fechada no hotel de Brasília ocorre no momento de uma nova onda de decepção popular com partidos e instituições, que desta vez atingiu em cheio o PSDB. “O momento é ruim para todos os partidos e para a política em geral. Há uma crise política sem precedentes”, minimizou o deputado Silvio Torres (SP), tesoureiro do PSDB. Pré-candidato ao Planalto, Alckmin está estacionado nas pesquisas de intenção de voto com números que variam entre 7% e 10%, o pior desempenho de um tucano nesse período desde 1989. O ex-governador mineiro Eduardo Azeredo, que presidiu o PSDB, entrou para a história como o primeiro ex-presidente do partido preso, reforçando a crise da legenda e dificultando ainda mais o projeto de retomar o poder após 16 anos. “Há 30 anos, criamos um partido para dar ao País uma opção política à altura de seus desafios. Na Presidência, fizemos o mais bem-sucedido programa de modernização e transformação econômica da história do Brasil”, disse Alckmin ao Estado. “Agora, precisamos lutar mais, vencer de novo as forças que emperram o avanço do País. O Brasil vai mudar para melhor e, nessa luta, o PSDB também.” O auge eleitoral do partido ocorreu durante o segundo governo FHC, quando elegeu uma bancada de 99 deputados federais e sete governadores, em 1998, e quase mil prefeitos, em 2000. Embora tenha sido o partido mais vitorioso nas eleições municipais de 2016, o PSDB tem hoje a segunda menor bancada na Câmara dos Deputados de sua história, com 49 parlamentares – maior apenas do que a bancada eleita em 1990. “O PSDB perdeu talvez o seu principal discurso, o discurso ético. E não apenas pelo caso envolvendo Aécio Neves, mas outras lideranças históricas, como Eduardo Azeredo, que está preso, e José Serra, que é investigado. Até o presidenciável tucano, Geraldo Alckmin, é citado em casos que envolvem corrupção”, avaliou o cientista político Marco Antonio Teixeira, da Fundação Getúlio Vargas.

Estadão
Comentários