Foto: Divulgação/Arquivo
Prefeito ACM Neto participa ativamente da construção da unidade e do chapão 14 de maio de 2018 | 07:12

Chapão: fazer ou não fazer na oposição, por Raul Monteiro*

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A reconfiguração da sucessão estadual na Bahia a partir da desistência de ACM Neto (DEM) em se candidatar ao governo colocou a eleição para a Câmara dos Deputados e a Assembleia Legislativa na ordem do dia das forças oposicionistas. Se antes deputados federais e estaduais da oposição contavam com a grande expectativa de poder que o prefeito exalava animando seus projetos pessoais de reeleição, agora precisam refazer seus cálculos diante de um cenário em que a unidade ainda não surgiu e os atuais candidatos ao governo no grupo estão longe de assegurar a mesma esperança de vitória que Neto um dia alimentou.

Foi, em essência, esse cenário que inspirou inicialmente as especulações de que candidatos a deputado muito próximos do prefeito poderiam ser obrigados a ir para o sacrifício, integrando alguma posição na chapa do candidato a governador escolhido pelo grupo, para viabilizar a reeleição de parlamentares que já militam na causa oposicionista. Ante a forte reação que a proposta enfrentou da parte dos alvos do virtual sacrifício, a idéia foi aparentemente suspensa, dando lugar, no entanto, à busca de alternativas que possam resolver o risco de alguns deputados não se reelegerem.

A melhor delas, na visão principalmente dos parlamentares dos partidos maiores, persiste sendo o chapão, ou seja, uma coligação integrada por todas as agremiações que integram a base do prefeito e possuem candidatos a funções legislativas no futuro pleito de outubro. Se chegou a ser tratada como uma construção natural no grupo oposicionista quando Neto era o virtual candidato, a idéia está hoje enfrentando forte resistência especialmente das siglas menores, temerosas de que as expectativas de sucesso eleitoral que as embalaram em passado recentíssimo voem pelos ares.

E, neste particular, não estão de todo erradas. Afinal, a disputa com Neto tinha uma característica própria, apresentando um panorama muito diferente do que deve assumir no momento em que, finalmente, partidos e políticos escolherem um candidato único para a sucessão estadual, embalados por uma operação da qual o prefeito tem buscado participar ativamente. A dia de hoje, por mais que ele e seu pré-candidato, José Ronaldo (DEM), nome aparentemente mais forte para viabilizar a unidade no grupo, não economizem no otimismo, não é este o sentimento predominante na turma, que ainda tenta se refazer da decisão do prefeito de não concorrer ao governo.

É exatamente a perspectiva de dificuldades para a eleição proporcional que leva partidos pequenos que haviam se preparado para um cenário que não existe mais a rejeitarem a proposta de estarem todos coligados na mesma chapa, quando, pelos cálculos que fazem, as chances de sucesso eleitoral de seus candidatos a deputado são maiores se saírem em agrupamentos menores com partidos de tamanho assemelhado ou mesmo sozinhos. Enfim, embora aparentemente não haja pressa para a solução do conflito, depende dela igualmente a sobrevivência do grupo.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado hoje na Tribuna.

Raul Monteiro*
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