Foto: Nilton Fukuda/Arquivo/Estadão
Economista Persio Arida 22 de fevereiro de 2018 | 09:54

Persio Arida, a novidade inaproveitada, por Raul Monteiro*

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O decreto do presidente Michel Temer intervindo na segurança pública no Rio de Janeiro, com toda a pirotecnia eleitoreira envolvida, como a ele se referiu o ex-presidente condenado Lula, conseguiu de fato dragar todas as atenções na semana, jogando para escanteio talvez a decisão mais importante surgida entre os pré-candidatos à Presidência: a escolha, por parte do pé de chumbo Geraldo Alckmin, do PSDB, aquele que se esforça mas não sobe em nenhuma pesquisa, do economista Pérsio Arida para coordenador de seu programa econômico de governo.

Foi até agora o tratamento mais sério dado por um postulante à Presidência ao problema mais sério que o país enfrenta, relativo à sua economia, em crise desde antes da campanha que reconduziu a ex-presidente Dilma Rouseff ao Palácio do Planalto. Arida é ninguém menos que um dos mais brilhantes economistas do país, cujo currículo traz, entre tantos feitos, o de ter sido um dos idealizadores do Plano Real, programa de estabilização da moeda que por isso pode ser considerado também o mais importante programa social do país, que Lula e sua turma trataram deliberdamente de encobrir com os bolsas-famílias da vida.

A entrevista que ele concedeu em seguida ao Estadão confirmando ter aceito o convite mostrou para que lado quem avalia com responsabilidade a economia do país pode pensar. “Temos que aprofundar as reformas e buscar uma solução estrutural para o grave problema fiscal que enfrentamos”, disse, na oportunidade, o economista, abordando ainda a questão importantíssima do crescimento econômico. Para ele, como qualquer cidadão sensato, o crescimento não vem com intervencionismo, muito menos inclusão social pode vir com populismo, modelo em voga no país.

“A verdadeira agenda do crescimento é criar as condições para a economia funcionar melhor. (Os caminhos para isso) são aumentar a segurança jurídica, privatizar, fazer uma boa reforma tributária, abrir a economia, assegurar a concorrência, evitar artificialismos e controles de preços”, disse Arida. Infelizmente, o receituário econômico claro e necessário ao país despois da loucura intervencionista da última presidente, aquela que pretendia, sozinha junto com seu brilhante ministro Guido Mantega, criar a nova matriz econômica para o Brasil, não mereceu o debate adequado.

Afinal, dão mais Ibope o decreto de intervenção no Rio, visto por petistas e congêneres como uma intervenção militar e não uma intervenção federal, além da virtual prisão do ex-presidente Lula, do que efetivamente o início de uma discussão sobre o que fazer com o país depois de uma crise que, apesar de indicadores aparentemente favoráveis, não dá mostras de ceder. Uma pena que Arida tenha amarrado seu jegue logo em Alckmin, que trouxe alguma racionalidade ao debate sobre a sucessão com a iniciativa, mas não consegue empolgar ninguém. Será que não é por isso mesmo?

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado hoje pela Tribuna.

Raul Monteiro*
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