Foto: Secom/Arquivo
Rui Costa se prepara para enfrentar a sucessão sob qualquer cenário 25 de setembro de 2017 | 08:39

Rui com Lula e Rui sem Lula, por Raul Monteiro

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Com o cerco fechando-se em torno do ex-presidente Lula (PT) – já são seis o número de apurações na Lava Jato contra ele -, os petistas vão aos poucos chegando à conclusão de que dificilmente a maior liderança do partido terá condições de concorrer à Presidência da República em 2018, principalmente dada a probabilidade, oferecida, entre outros motivos, pela articulação entre as investigações, de que seja condenado em segunda instância na primeira das ações em que já foi sentenciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo juiz Sérgio Moro, principal artífice da Operação.

Líder disparado nas pesquisas que sondam o humor do eleitorado para a sucessão presidencial até aqui, Lula pode, no entanto, constituir-se num formidável cabo eleitoral para os candidatos estaduais de seu próprio partido ou de legendas aliadas, caso pelo menos seja mantido em liberdade, isto é, não vá para a cadeia por determinação da Justiça até lá. É com este cenário que a maioria dos petistas sonha, principalmente no momento em que vêem legendas como o PCdoB e o PDT articulando-se para disputarem, sozinhas, o Palácio do Planalto, num sinal evidente de desgarramento do petismo.

Na Bahia, praticamente um dos últimos redutos sólidos do petismo no país, principalmente depois da fragilização imposta por um conjunto de denúncias e investigações envolvendo o governador Fernando Pimentel, de Minas Gerais, a disputa da sucessão estadual no campo do petismo passou há algum tempo a ser projetada sob dois cenários: aquele em que Lula seria candidato, puxando Rui Costa rumo à reeleição, e outro, cada vez mais cogitado, em que o governador teria que marchar sem a alavanca do principal nome nacional do petismo ou mesmo enfrentando um candidato presidencial forte em posição adversária.

Numa conjuntura como a segunda, o estrago da ausência de Lula na disputa só poderia ser minimizado com a presença dele na campanha, pedindo votos para o governador e seu time, principalmente nos rincões em que o nome do ex-presidente permanece fortíssimo, situação que só poderia ocorrer na hipótese de, mesmo sendo alvo de várias outras investigações e de eventuais novas denúncias e mesmo condenações, ele poder circular livremente, sem qualquer tipo de restrição que oponha dificuldades ao projeto alternativo de, neste caso, buscar apenas comandar a luta contra o esfacelamento do PT.

Como não pode contar com nenhuma das duas certezas, Rui Costa tem buscando esmerar-se na tarefa de preparar-se para a disputa em qualquer das condições em que ela se apresente, de um lado construindo laços políticos fortes principalmente no interior, em muitos casos fechando o apoio de todos os grupos políticos locais possíveis ao seu nome, e, de outro, mantendo uma agenda administrativa que confirme o perfil de bom gestor com o qual buscou firmar-se. A indicação de gente como Jusmari Oliveira, de Barreiras, e de Paulo César, de Alagoinhas, para cargos importantes da administração atende naturalmente à primeira estratégia.

* Artigo publicado originalmente na Tribuna.

Raul Monteiro
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