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19 de setembro de 2017 | 08:12

PP tirava até R$ 200 mil por mês do Denatran

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Nos depoimentos de sua delação premiada, o ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE) contou que seu partido faturou entre R$ 100 mil e R$ 200 mil mensais no Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). O esquema teria durado de 2006 a 2011. Na época, chefiava o órgão um diretor indicado pelo PP, partido que também comandava o Ministério das Cidades, ao qual o Denatran é ligado.O depoimento foi prestado em 23 de maio de 2016, mas o acordo de delação foi homologado apenas em agosto de 2017 pelo ministro Edson Fachin, relator dos processos da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). Corrêa narrou que o PP indicou para comandar o Denatran Alfredo Peres da Silva, que na época exercia um cargo em um órgão ligado à Confederação Nacional do Transporte (CNT). O esquema teria durado de 2006, ano da nomeação do diretor, até 2011, quando ele deixou o cargo.Segundo Corrêa, Alfredo e o operador Hissanobu Izu ficavam com 30% da propina e o restante era entregue ao PP, que a dividia entre alguns de seus parlamentares. O dinheiro era obtido por meio de contratos de serviços advocatícios falsos. Para isso, contou com o auxílio de um escritório que, mais tarde, viria a ser investigado na Operação Zelotes por irregularidades no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão ligado ao Ministério da Fazenda.Em outro depoimento delação, prestado em 18 de maio do ano passado, Corrêa relatou até mesmo uma indicação para cobrar propina que não deu certo. Segundo ele, em 2003, primeiro ano do governo Lula, Luiz Carlos Bueno Lima foi indicado para ocupar uma secretaria do Ministério da Saúde responsável pela compra dos medicamentos do SUS. O objetivo: arrecadar propina para o PP. Mas o então ministro da Saúde, Humberto Costa, do PT, criou resistência ao nome indicado. Ele sequer recebia o secretário em seu gabinete para despacho.”Chegou um momento em que o secretário Luiz Carlos Bueno procurou a bancada dizendo que ele não iria fazer acontecer nada, porque o ministro não dava o menor espaço e que o melhor para o PP seria ele pedir demissão, pois ele não queria ser responsável pelo não cumprimento das promessas de propina feitas ao partido”, diz trecho do termo de depoimento.

Tribuna da Bahia
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