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Rui Costa durante passagem por América Dourada, onde inaugurou obra de pavimentação 20 de julho de 2017 | 09:03

Rui Costa e a reforma administrativa, por Raul Monteiro

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Não é de agora que se especula sobre uma segunda reforma administrativa no governo do Estado ainda este ano, o que ganhou força depois de entrevista do governador Rui Costa (PT) ao radialista Mário Kertész, da Metrópole, esta semana, admitindo a possibilidade de uma “mexida” na equipe. Parte do rumor decorria da frustração provocada pela última mudança que o petista promoveu no governo, em janeiro passado, em que fez mais um ajuste interno na equipe, realocando nomes entre secretarias, do que efetivamente trocando quadros para reconfigurar a cara da gestão.

A reforma esperada para o final desse ano, no entanto, tem propósito mais extenso do que simplesmente remover da administração quadros que estarão em campanha para a Assembleia Legislativa ou a Câmara dos Deputados, dedicando-se, portanto, a projetos políticos mais pessoais do que aos da administração. O que Rui tem em mente é azeitar a máquina para enfrentar a sucessão do ano em que vem, onde disputará a reeleição, tudo indica, contra o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), único candidato bem posicionado na oposição para provocar uma disputa efetivamente competitiva pelo governo do Estado.

Este é o motivo para que o principal eixo da reforma envolva a figura do ex-governador Jaques Wagner, que, pelo que se comenta, deixaria a secretaria de Desenvolvimento Econômico para assumir a pasta das Relações Institucionais, onde acredita-se que daria maior apoio ao plano do governador de se preparar para o processo eleitoral desde a máquina estadual. Não que o atual titular da articulação política do governo, Josias Gomes, desempenhe mal seu papel, nem se ressinta do apoio e do reconhecimento a seu trabalho da parte do governador. Os dois trabalham, pelo contrário, em absoluta sintonia.

O problema é que Wagner, pela forte liderança que representa no petismo e entre os partidos da base aliada, ocuparia o espaço com um nível de desenvoltura e autonomia que, pelas condições objetivas com que lida, Josias não consegue desempenhar, motivo das críticas que lhe dirigem principalmente deputados e lideranças políticas carentes de uma melhor interlocução com o governo e Rui Costa. Mesmo tendo que se desincompatibilizar em abril do ano que vem para integrar a chapa governista como candidato a senador, Wagner poderia, até lá, dar uma contribuição inestimável ao correligionário e amigo, principalmente se assumir o posto antes do fim do ano.

A maior colaboração do ex-governador compreenderia, principalmente, a montagem da chapa da reeleição a ser liderada por Rui Costa, deixando, em seguida, o cargo ajustado para os desdobramentos do projeto eleitoral em paralelo com as tarefas da gestão administrativa. Com a articulação política resolvida, Rui Costa se dedicaria basicamente à gestão, atividade da qual extrai seu maior prazer, segundo os aliados, e à campanha, buscando focar tanto na apresentação dos resultados de seu primeiro governo quanto no projeto de justificar, para o eleitorado, sua continuidade por mais quatro anos.

* Artigo originalmente publicado na Tribuna da Bahia.

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