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Deputado federal Lúcio Vieira Lima, irmão do ex-ministro Geddel 06 de julho de 2017 | 07:54

Plano de Lúcio na chapa (de ACM Neto) fracassa, por Raul Monteiro

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Aproveitando a prisão de Geddel Vieira Lima, controlador do PMDB baiano, o PT acaba de lançar uma ofensiva para tentar colar a imagem do ex-ministro a ACM Neto (DEM) e buscar desgastar o prefeito, estratégia semelhante à que seus principais líderes no Estado, a exemplo do ex-governador Jaques Wagner, já vinham adotando em relação a Michel Temer (PMDB) e o democrata. O movimento, que tem como pano de fundo a sucessão estadual de 2018, não deve ser bem sucedido. Da mesmíssima maneira que as pesquisas mostram que não houve até agora associação entre Neto e o presidente da República, a história de colaboração do prefeito com Geddel nunca o prejudicou.

A primeira constatação ocorreu já na última campanha municipal, quando Neto deixou explícito o apoio do PMDB ao seu nome e se reelegeu com mais de 70% dos votos válidos. Naquele momento, embora a imagem de Geddel não estivesse tão deteriorada, é fato que ela já não era muito boa em Salvador, especialmente nos segmentos médios da população, onde o ex-ministro sempre enfrentou forte rejeição. No entanto, se o relacionamento com Geddel não representa um problema para o prefeito, não se pode dizer o mesmo para o peemedebista e seu partido, depois dos últimos e bombásticos acontecimentos.

Assim como o ex-ministro já estava praticamente convencido de que perdera as condições políticas para pleitear espaço na chapa que Neto deve encabeçar em 2018 ao governo, depois de sua rumorosa saída do ministério de Michel Temer e da batida que a Polícia Federal dera em sua casa de praia, no início deste ano, os quais devem ter ampliado o seu desgaste na opinião pública, não é menos verdadeira a tese de que, exatamente por este motivo, Geddel passara a acalentar a idéia de lançar em seu lugar, para uma das vagas ao Senado, o nome do irmão, o simpático deputado federal Lúcio Vieira Lima.

Entretanto, dado o vínculo umbilical e a identidade entre os dois, o projeto, se em algum momento verdadeiramente existiu, naufragou desde a última segunda-feira, data em que o ex-ministro foi preso. Isso não significa que o PMDB esteja, no entanto, excluído da chapa com que o prefeito de Salvador pretende enfrentar o governador Rui Costa (PT), candidato à reeleição. Afinal, como disse uma importante fonte do partido a este colunista, sob a condição de anonimato, o “PMDB não é só Geddel”, agrupando hoje na Bahia cinquenta prefeitos e seis deputados estaduais, além de um portentoso tempo de televisão para nenhum candidato botar defeito.

Há um outro detalhe, na concepção da turma que, embora aliada e solidária ao ex-ministro neste momento, assiste ao desdobramento dos eventos sem perder de vista o que chama de necessidade de “sobrevivência do partido”. Sem a marca Vieira Lima à frente, o PMDB torna-se naturalmente uma legenda muito atrativa, por exemplo, para o PT de Rui Costa, com o qual Geddel brigou de morte na Bahia. Em outras palavras, mesmo sem Geddel ou Lúcio na chapa, Neto não vai poder abrir mão do PMDB ao seu lado na tentativa de derrotar o governador. Mas antes o partido terá que construir sua alternativa.

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