Foto: Reprodução/Metropress
Prefeito ACM Neto 01 de junho de 2017 | 08:39

O primeiro desafio de ACM Neto, por Raul Monteiro

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ACM Neto (DEM) atendeu aos apelos de seu grupo político e finalmente anunciou que vai se candidatar ao governo do Estado em 2018. Foi na semana passada durante um encontro da Juventude de seu partido em Salvador. Entre os seus correligionários, era grande a pressão sobre o prefeito da capital baiana para que se definisse em relação à próxima sucessão estadual, na qual o governador Rui Costa (PT) é candidato natural à reeleição. Na prática, queriam que Neto admitisse publicamente o que já vinha fazendo em reservado com prefeitos, vereadores e lideranças políticas que passou a atender há alguns meses.

O princípio que norteou a decisão do prefeito de Salvador é manter o grupo unido em torno da chamada expectativa de poder que uma definição de sua parte com relação às eleições naturalmente produz. Com uma candidatura já colocada no tabuleiro sucessório, representada por Rui Costa, os correligionários do prefeito não vinham se sentido confortáveis com a ausência de um posicionamento claro do nome mais forte das oposições ao PT no Estado em relação ao que pretende fazer no prazo de pouco mais de um ano das eleições para o governo. A resposta Neto deu no encontro com a juventude democrata.

O posicionamento não significa, no entanto, que a candidatura do prefeito é imexível, uma condição reforçada pelo alto grau de imprevisibilidade que a política brasileira assumiu desde o impeachment da ex-presidente petista Dilma Rousseff, reforçado pelo grampo que o empresário Joesley Batista, freguês contumaz dos financiamentos do BNDES nos governos petistas, fez há duas semanas do presidente Michel Temer (PMDB), hoje às voltas com o recrudescimento da sua impopularidade depois do episódio e a pressão dos opositores para sejam realizadas eleições diretas no país.

O próprio Neto já foi visto referindo-se a alguns nomes que alternativamente poderiam ocupar a cabeça da chapa oposicionista na hipótese de não ser ele o candidato, entre os quais se encontram o do atual ministro Antonio Imbassahy (Relações Institucionais), do prefeito de Feira de Santana, José Ronaldo (DEM), e até do senador Otto Alencar, do PSD, este último numa composição com as oposições a partir de uma remotíssima possibilidade de romper com o governo do PT na Bahia, do qual é hoje um aliado considerado fundamental. Para ser bem-sucedida, a candidatura de Neto terá que responder a um grande desafio.

Ele precisará primeiro convencer a população baiana de que seu opositor não deve ter direito a um novo mandato, rompendo uma tradição já consolidada no eleitorado nacional de avalizar a reeleição quando o governante é bem avaliado, dedica-se à gestão e sabe passar ao largo de escândalos ou fortes escorregões políticos, caso em que se enquadra perfeitamente Rui Costa. Sem dúvida, será preciso oferecer mais, como contraponto ao desempenho do opositor, do que a gestão que ele próprio executa em Salvador, a qual fez quase 74% da população da capital premiá-lo com um segundo mandato.

* Artigo publicado originalmente no jornal Tribuna da Bahia

Raul Monteiro*
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