Foto: Marcos Correa/Arquivo
Presidente Michel Temer 15 de junho de 2017 | 11:05

O alto custo da pressão contra Temer, por Raul Monteiro

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O pouco que este governo fez pelo país, que pode ser considerado muito se levado em conta o quadro de descalabro herdado das gestões petistas, especialmente da farsa vendida como gerentona que se foi obrigado a suportar por quase seis anos, está sob risco agora no momento em que, acuado pelo procurador geral da República, Rodrigo Janot, o grampo e as revelações da JBS, os amigos complicadíssimos e a carga pesada que a Rede Globo faz contra sua permanência no Palácio do Planalto, Michel Temer (PMDB) resolve distribuir mimos a rodo para se segurar a qualquer custo na cadeira presidencial.

São empréstimos e renegociações de dívidas sob condições nunca vistas a governadores com o aval do BNDES, agrados de toda a sorte a deputados e senadores que votarão o provável pedido de investigação contra ele, além de um pacote de bondades destinado tanto a setores do empresariado como aos mais pobres por meio do incremento a programas sociais a exemplo do Bolsa Família, que naturalmente parecem não levar em conta o ajuste fiscal tocado pela competente equipe econômica, único motivo para se dar algum tipo de crédito ao presidente, ainda que cheio de reservas e desconfianças, na perspectiva de que se chegue logo a 2018.

Quando se atacam genericamente as reformas trabalhista e previdenciária, impedindo que se discutam racionalmente ajustes importantes às duas propostas, é bom que se diga que os projetos não saíram do nada, muito menos da mente iluminada do atual presidente, mas da urgência da controle fiscal, cuja necessidade foi irresponsavelmente ignorada por uma senhora chamada Dilma Rousseff, de triste memória, e acabou resultando na maior crise econômica da história do país, com um lamentável saldo de mais de 14 milhões de desempregados, número que não pára de crescer e é, desonestamente, atribuído pelo PT ao atual governo.

Da mesma forma, não se podem considerar razoáveis as tentativas constantes de se derrubar, a qualquer custo, mais um presidente que assumiu no vácuo de um processo delicado como o de um impeachment, quando mais no momento em que abraça uma agenda correta que, entre os seus primeiros efeitos, traz expectativas concretas de recuperação econômica, nem muito menos subestimar sua capacidade, ante as ameaças, de reorganizar-se com os seus para manter-se no poder, utilizando das armas de que mais conhece e que sabe manejar como toda grande raposa política, a exemplo da mais reles barganha com parlamentares ao qual o chamado presidencialismo de coalizão dá plena guarida.

Sem dúvida, a resiliência de um personagem político como Michel Temer surpreende, dado todo um histórico pessoal e político que já o fez emergir como um sucessor fragilizado e desacreditado, seu apavorante networking político e pessoal e a vinculação a um partido fisiológico e patrimonialista do qual é um representante nato. Mas o fato de, ainda que de forma galopante, a rejeição a seu nome permanecer restrita às pesquisas de opinião, desacompanhada de qualquer mobilização popular por sua saída, precisa ser urgentemente levada em conta por aqueles que não pensam em mais nada, além do esforço de apeá-lo do poder, principalmente por mais esse custo que estão impondo ao país.

* Artigo publicado originalmente no jornal Tribuna da Bahia.

Raul Monteiro*
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