Foto: Reprodução/Facebook
08 de junho de 2017 | 07:32

Neto comemora e manda recado a time, por Raul Monteiro

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Vista com desconfiança pelos aliados do governador Rui Costa (PT), que trataram rapidamente de desqualificá-la sob todos os ângulos, a pesquisa Paraná divulgada ontem que coloca ACM Neto (DEM) na liderança das intenções de voto ao governo do Estado, em 2018, teve um efeito positivamente explosivo sobre o grupo do prefeito e ele próprio. Era tudo de que os aliados do gestor precisavam para continuar na batida de que ele sairá candidato contra Rui no ano que vem, uma possibilidade que o prefeito vinha deixando mais no plano das insinuações do que propriamente da certeza.

A bem da verdade, nos últimos 60 dias Neto alterou a postura com que habitualmente se portava com relação ao tema sucessão estadual. Se até o princípio do ano dizia que não tratava do assunto sob qualquer condição, passou a dizer que não descartaria uma eventual candidatura, depois que o projeto de se candidatar era uma possibilidade e, finalmente, que poderia lançar-se à disputa, renunciando ao segundo mandato de prefeito, caso a cidade e também o Estado concordassem, questão a que o levantamento da Paraná, caso esteja correto e não viciado, como denunciam seus adversários, já respondeu de forma inconteste.

Na prática, se precisava de um número para organizar o time e colocá-lo na rua em defesa do seu nome, Neto o obteve ontem com a divulgação da pesquisa, que o coloca com 54,5% da preferência do eleitorado, contra 24% do governador. O terceiro nome sondado pelo instituto foi o do senador Otto Alencar, do PSD, que, com 4,7% das intenções de voto, não chega, de acordo com a pesquisa, a representar a terceira força política do Estado como se alardeava que seria. Abaixo do líder do PSD vem o sociólogo Fábio Nogueira, nome do nanico PSOL, no qual 2,9% dos entrevistados disseram que votariam para o governo.

Apesar da comemoração no grupo do prefeito que se seguiu à divulgação dos números, Neto fez questão de transmitir logo pela manhã, antes de embarcar para Brasília para peregrinar por ministérios e contactar aliados neste momento político difícil da vida nacional, uma mensagem para os auxiliares, os mais excitados com a perspectiva de ele concorrer ao governo: a de que não se excedam na animação, mantenham o pé no chão e foquem na administração de Salvador, a qual considera o seu verdadeiro passaporte para o desafio de sair candidato à sucessão estadual.

Não é por acaso que o prefeito tem dito a quem o provoca sobre a candidatura que, para se eleger governador precisa dos 417 municípios do Estado, mas para decidir se candidatar depende de apenas uma cidade, exatamente a que governa. De olho nas perspectivas que se abrem para ele ante números tão portentosos, notadamente na onda positiva que se cria a partir de sua divulgação, Neto passou também outro recado ao time que o acompanha, este relativo à importância de manter, nos próximos sete meses, decisivos para a decisão que tomará, uma agenda fervilhante e positiva para a cidade que não deixe sua peteca cair.

* Artigo publicado originalmente no jornal Tribuna da Bahia

Raul Monteiro*
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